Projeto de escola baiana usa história de influenciadora negra para iniciar debate racial entre crianças

Projeto de escola baiana usa história de influenciadora negra para iniciar debate racial entre crianças

Redação Alô Alô Bahia

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Surenã Dias

Redes sociais

Publicado em 12/08/2025 às 14:01 / Leia em 3 minutos

Em meio à celebração do Dia do Estudante, comemorado na última segunda-feira (11), um projeto especial desenvolvido na Escola Municipal Professora Áurea Cordeiro, em Tanquinho, interior da Bahia, tem ganhado destaque. Crianças do 5º ano se inspiraram na trajetória da influenciadora, escritora e ativista social Ana Paula Xongani para iniciar um importante debate sobre racismo e valorização da estética negra.

A professora Kel Tanquinho, responsável pela turma, contou ao Alô Alô Bahia que ficou surpresa com as respostas dos alunos ao estudarem um texto sobre Ana Paula Xongani, que narra sua história como ativista e também como uma mulher negra com dislexia, transtorno que provoca dificuldades na aprendizagem.

“Está sendo muito potente. Eles relatam situações de discriminação que já passaram, falam até da curvatura de cabelo e que gostam da curvatura que eles têm. Sentimos a autoestima elevada”, afirmou Kel, que também revelou ter aprendido com a história da influenciadora.

“Me sensibilizou e me despertou, inclusive, como professora, para olhar com mais atenção algumas alunas com essa dificuldade de aprendizagem e para entender a dislexia como algo a ser sinalizado como possibilidade, e não apenas como deficiência, desleixo ou desatenção. Foi bem interessante”.

O texto de Xongani usado no livro didático faz parte do Museu da Pessoa (Foto: Divulgação)

Em seu perfil no Instagram, a professora compartilhou vídeos que mostram a reação das crianças ao texto, o que deu início a um projeto especial voltado para a educação antirracista e a valorização da estética negra. A iniciativa deve ser concluída durante a celebração do Novembro Negro.

Para Xongani, ter sua história trabalhada nas salas de aula representa a concretização do seu trabalho. “É muito legal quando nosso trabalho se torna recurso para o que a gente mais acredita, que é a educação. Estar eternizado no livro didático é maravilhoso, porque os livros didáticos são documentos importantes do país. fiquei muito orgulhosa”, disse a influenciadora ao Alô Alô Bahia.

A presença da ativista no livro didático é resultado da Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas brasileiras, seja pública ou privada. Posteriormente, a Lei nº 11.645/2008 ampliou essa obrigatoriedade para incluir a história e cultura dos povos indígenas.

Animada com o projeto e com a dedicação da professora, Ana Paula revela o desejo de se encontrar com as crianças, ainda que o encontro aconteça de forma online.

“Vai ser muito bom. A criança tem uma inteligência que a gente não pode subestimar. Eles têm perguntas ótimas e muita expectativa na vida. Tenho certeza que esse encontro vai alimentar principalmente a mim mesma”, disse.

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