Em um cenário que mistura fé, tradição e produção artesanal, monges beneditinos do Mosteiro de São Bento de Mussurepe, em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, têm produzido a própria cerveja monástica, batizada de Claustrum.
A produção começou em outubro de 2023, com uma cerimônia simbólica e histórica: a Bênção da Cerveja (Benedictio Cerevisiae), conforme o Ritual Romano, foi entoada em latim pelos religiosos enquanto o primeiro lote da bebida era preparado.
Produzida sem conservantes, clarificantes ou pasteurização, a Claustrum segue os moldes tradicionais das cervejas monásticas europeias, com sabor mais intenso e fresco. A receita é baseada no uso de malte de cevada, água e lúpulo — este último exaltado já no século XII pela santa e monja beneditina Hildegarda de Bingen por suas propriedades conservantes.
Nesta semana, os monges anunciaram uma parceria com a cervejaria Ranz, em Lumiar, na Região Serrana, que assumirá a produção e o envase da Claustrum. A cerveja já havia sido fabricada anteriormente pela empresa Barril Cheio, em Campos, que produziu três lotes desde o início do projeto.
A tradição dos monges fabricarem cerveja remonta à Idade Média, sendo mais famosa entre os trapistas, ordem cisterciense da qual surgiram algumas das cervejas mais renomadas do mundo. A tradição beneditina, no entanto, é ainda mais antiga — e mostra que, para esses monges, fé e cerveja podem caminhar juntas.