Com uma caixa de som, um microfone com fio e um copo de cachaça com limão, o baiano Rom Santana, natural de Iramaia, na Chapada Diamantina, tem transformado a boêmia Rua 13 de Maio, no Bixiga, centro de São Paulo, em um verdadeiro palco de piseiro nas madrugadas de sábado.
Inspirado por Leo Santana — de quem herdou o nome artístico —, Rom começou cantando de forma despretensiosa no aniversário de um amigo, em frente à mercearia Bella Doces, no fim de 2022. A performance virou tradição, ganhou público e hoje leva mais de 1.500 pessoas para a rua, segundo sua produção. O cantor passou a ser chamado de “Príncipe do Bixiga” — e, para muitos, já é o “Rei da 13”.
Com shows que começam por volta das 23h e seguem madrugada adentro, Rom comanda o público com coreografias no estilo pagodão baiano, tira a camisa, canta hits de João Gomes, Leo Santana e músicas autorais. Seus fãs se autodenominam “felinos e felinas”, em referência ao signo de Leão.

Rom Santana
Apesar do sucesso, o crescimento das apresentações atraiu também olhares da vizinhança e da fiscalização. Como o evento acontece na rua, sem estrutura formal, as apresentações hoje são mais esporádicas, segundo o produtor Robson Araújo de Melo. “Nosso intuito não é atrapalhar a vizinhança”, disse ele, sobre os desafios de manter eventos urbanos não oficiais em São Paulo.
Hoje, além da Rua 13 de Maio, Rom também se apresenta em casas de show como o Terraços Lounge, na Rua Rui Barbosa, e já virou atração em festas fechadas como Je Treme e Risca Fada, chegando até à tradicional Audio Club, com capacidade para 3 mil pessoas.
A migração dos palcos improvisados para os espaços fechados tem sido vista pelo cantor como um novo passo. “A rua tem essa liberdade que eu amo, mas o show em local fechado ajuda a profissionalizar mais o trabalho”, afirma.
Rom, cujo nome verdadeiro é Romário Silva Ramos, chegou a São Paulo no fim de 2010 com o sonho de “mudar de vida” e trabalhou como pizzaiolo antes de se descobrir artista. Hoje, aos 31 anos, diz que sua missão é representar os baianos com orgulho — e levar o piseiro para onde couber um beat e uma plateia animada.