Seis meses depois do acidente que matou a turista paulista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, a Igreja de São Francisco, no Centro Histórico de Salvador, continua sem receber visitantes.
O templo, conhecido pela riqueza de detalhes em ouro e considerado um dos principais marcos do barroco brasileiro, está em obras emergenciais para garantir a segurança da estrutura.
O incidente ocorreu em 5 de fevereiro, quando parte do teto cedeu durante a visita de Giulia, que estava acompanhada do namorado e de amigos. Além da morte da jovem, cinco pessoas ficaram feridas.
Desde então, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) prioriza a estabilização do forro para evitar novos riscos. Somente após essa etapa será possível iniciar a restauração completa.
Antes do desabamento, já havia um projeto orçado em R$ 1,2 milhão, mas o caráter emergencial da obra e as novas intervenções devem elevar o valor final, ainda não calculado.
Dois dias antes do acidente, o frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião-diretor do templo, havia alertado o Iphan sobre alterações na estrutura do forro e solicitado uma vistoria.
A inspeção estava prevista para o dia seguinte ao desabamento. Segundo o presidente do instituto, Leandro Grass, o pedido seguiu o protocolo padrão, não o procedimento emergencial.
A Defesa Civil de Salvador confirma que havia registros de desgaste estrutural, mas sem indícios que justificassem interdição imediata antes da tragédia.
Patrimônio em risco
Construída no início do século 18, a Igreja de São Francisco é tombada como patrimônio nacional e integra a lista das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa. Apesar do status histórico, problemas de conservação são antigos.
Em 2023, inspeções revelaram deterioração em diferentes áreas: pinturas e tetos desgastados, fiação à mostra, pilastras danificadas e piso irregular, dificultando o acesso. Partes do teto de corredores do complexo, que inclui o convento franciscano, já estavam escoradas.
Naquele ano, o pináculo direito de um dos pátios precisou ser retirado devido ao risco de queda. Mesmo com os reparos, o espaço seguiu aberto ao público até o acidente.
O Iphan estima que obras de restauro de monumentos dessa dimensão podem durar de dois a três anos após a finalização dos projetos técnicos. A reabertura ao público depende da conclusão das etapas emergenciais e da contratação dos serviços definitivos.