Por que Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar? Entenda os principais pontos da decisão de Alexandre de Moraes

Por que Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar? Entenda os principais pontos da decisão de Alexandre de Moraes

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Antonio Augusto/STF

Publicado em 04/08/2025 às 19:50 / Leia em 3 minutos

A decisão que impôs prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, detalha uma série de elementos que, segundo o ministro Alexandre de Moraes, demonstram uma conduta “deliberada, reincidente e dissimulada” por parte do ex-presidente, voltada a burlar as medidas cautelares impostas no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe de Estado.

Entenda, a seguir, os principais fundamentos jurídicos que sustentam a decisão:

  • Descumprimento reiterado de medidas cautelares

Moraes afirma que há provas claras de que Bolsonaro voltou a descumprir ordens judiciais impostas anteriormente. Entre elas, a proibição de uso direto ou indireto de redes sociais.

O ministro cita vídeos gravados por Bolsonaro e divulgados por aliados durante manifestações realizadas no domingo (3), com mensagens de apoio à intervenção militar e ataques ao STF.

“Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Messias Bolsonaro”, escreveu Moraes.

  • Utilização de terceiros para driblar a Justiça

O ministro considera que o ex-presidente adotou uma “conduta ilícita dissimulada” ao usar as redes sociais de aliados, inclusive dos filhos parlamentares, para publicar conteúdos preparados por ele próprio. Isso configuraria, segundo o despacho, uma tentativa consciente de burlar as restrições impostas pelo STF.

Moraes cita, por exemplo, a fala de Bolsonaro transmitida pelo telefone do senador Flávio Bolsonaro durante um ato no Rio de Janeiro, e uma ligação com o deputado Nikolas Ferreira no ato em São Paulo.

  • Reincidência e esgotamento de medidas alternativas

O despacho ressalta que Bolsonaro já havia sido advertido anteriormente, após violar as medidas cautelares em episódio anterior. À época, Moraes optou por manter as restrições e não converter em prisão. No entanto, segundo o ministro, a nova violação demonstra o esgotamento das medidas menos gravosas, o que justificaria o agravamento das sanções.

“A Justiça é cega, mas não é tola”, escreveu Moraes, ao afirmar que o STF não permitirá que um réu “a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”.

  • Intenção de influenciar o debate político digital

Outro ponto destacado na decisão é o uso estratégico das redes sociais para influenciar o debate público, mesmo sob medidas restritivas. Moraes aponta que Bolsonaro continua exercendo influência ativa no ambiente digital, por meio de mensagens que coagem o STF e estimulam atos antidemocráticos.

Medidas impostas a partir da decisão

Como consequência, Moraes determinou:

  • Prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica;

  • Proibição de visitas, salvo familiares e advogados autorizados;

  • Recolhimento de todos os celulares disponíveis na residência;

  • Proibição de uso de celular e de registros de imagem (fotos e vídeos) também por parte dos visitantes.

O ministro justifica a prisão domiciliar afirmando que, diante da continuidade das violações, “não restam dúvidas da necessidade e adequação de medidas mais gravosas, de modo a evitar a contínua reiteração delitiva do réu”.

Leia também: Moraes proíbe Bolsonaro e visitantes de usarem celular durante prisão domiciliar

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