Estudo brasileiro reacende a polêmica sobre Santo Sudário: ‘tecido não tocou o corpo de Jesus’

Estudo brasileiro reacende a polêmica sobre Santo Sudário: ‘tecido não tocou o corpo de Jesus’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Gabriel Moura

Reprodução

Publicado em 04/08/2025 às 12:13 / Leia em 3 minutos

Um estudo conduzido pelo designer brasileiro Cicero Moraes, publicado na revista científica Archaeometry, reacendeu discussões em torno do Santo Sudário de Turim — peça que muitos acreditam ter envolvido o corpo de Jesus após a crucificação. O trabalho, divulgado recentemente, ganhou repercussão internacional e já figura entre os dez artigos mais comentados da história da publicação, de acordo com a plataforma Altmetric.

Com o título “Formação de imagens no Santo Sudário — Uma abordagem digital 3D”, o artigo analisa a origem da imagem impressa no tecido. Moraes utilizou modelagens digitais tridimensionais para testar duas possibilidades: a representação direta de um corpo humano em 3D e a geração da imagem a partir de um molde em baixo-relevo.

Segundo os resultados obtidos, o uso do baixo-relevo gerou padrões mais coerentes com a imagem vista no Sudário, exibindo menor distorção nas proporções anatômicas. Já a simulação baseada em um corpo tridimensional resultou em deformações que não coincidem com a imagem do tecido, o que pode indicar que o Sudário tenha sido elaborado com fins artísticos e não como um registro físico real.

O estudo foi feito utilizando exclusivamente softwares gratuitos e de código aberto. De acordo com Cicero Moraes, isso garante maior transparência e permite que outros pesquisadores repliquem ou contestem os resultados. A repercussão extrapolou os círculos acadêmicos e alcançou veículos de imprensa religiosos e científicos ao redor do mundo.

“O estudo que fiz é muito simples, trata-se de uma simulação digital que evidencia a impossibilidade da imagem de um corpo humano ser compatível com aquela presente no Sudário. De modo transparente e condizente com os padrões acadêmicos de reprodutibilidade, compartilhei alguns arquivos fonte para que interessados possam replicar a abordagem em questão, ou mesmo refutar tal trabalho”, afirmou Cicero ao jornal Extra.

Embora o artigo tenha sido interpretado por alguns grupos como uma tentativa de desqualificar o Sudário como relíquia religiosa, o autor nega essa intenção.

“Apesar da grande polêmica e de alguns sites e especialistas pró-origem divina do Sudário, comentarem que eu procurei evidenciar o que seria uma falsificação medieval, meu estudo não afirma isso, na verdade, indico que se trata de uma obra de arte cristã, muito bem sucedida em seu propósito de celebrar a fé”, acrescentou ele.

O trabalho também dialoga, mesmo que indiretamente, com hipóteses anteriores sobre o Sudário. Um exemplo é a obra do historiador da arte inglês Thomas de Wesselow, autor do livro “O Santo Sudário e o segredo da ressurreição”, que argumenta que a técnica de imagem negativa presente no Sudário não existia na Idade Média.

Ao comentar sobre essa perspectiva, Cicero explicou ao jornal Extra: “No meu artigo eu abordo sobre a habilidade dos artistas que era bem alta, tanto no período medieval, quanto antes de Cristo. Sobre a questão do negativo, apesar de alguns especialistas indicarem que é uma técnica inacessível, é relativamente simples replicar o efeito de modo não digital, basta o artista observar uma imagem por um tempo e depois fechar os olhos, a imagem imediata que ‘queima’ no fechamento das pálpebras é o negativo.”

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