Aos 18 anos, o bailarino Marcos Sousa acaba de se tornar o primeiro brasileiro com contrato vitalício no corpo de baile da prestigiada Ópera Nacional de Paris, uma das companhias mais tradicionais do mundo.
Natural de Grajaú, no interior do Maranhão, Marcos iniciou sua trajetória artística dançando em quadrilhas juninas, mas foi através do balé que conquistou o reconhecimento internacional. Descoberto aos 10 anos por um coreógrafo local, começou sua formação em dança e, anos depois, foi aprovado na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC), onde se destacou pela disciplina e talento.
“Foi muito difícil no começo, longe da minha família e em um mundo completamente novo, mas sempre acreditei que era por meio da dança que eu mudaria minha vida”, contou o jovem.
Em 2023, após enviar por conta própria um e-mail para a École de Danse de l’Opéra National de Paris, Marcos foi convidado para uma audição e aprovado. Apesar de uma lesão no pé poucos dias antes da apresentação, ele não desistiu: “Já estava tudo certo, eu tinha que tentar. Era meu sonho”.
A resposta positiva veio da própria diretora da escola, Élisabeth Platel, e Marcos iniciou os estudos na terceira divisão, conseguindo antecipar a formação de três para dois anos, graças ao seu desempenho. Em junho deste ano, participou do concorrido concurso para o corpo de baile da companhia e foi aprovado — um feito inédito para um brasileiro.
“Até hoje parece que não é real. Liguei primeiro para minha mãe, depois para minha professora. Foi um momento que nunca vou esquecer”, disse emocionado.
Marcos volta a Paris no dia 20 de agosto para integrar oficialmente o elenco da companhia na nova temporada, que começa com o clássico Giselle. O papel que irá interpretar ainda não foi definido, mas a animação do jovem maranhense é evidente:
“Sempre assisti Giselle, mas nunca dancei. Vai ser uma experiência incrível”.
A conquista de Marcos também é motivo de orgulho para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, única filial do Bolshoi fora da Rússia, que há 25 anos forma jovens bailarinos com bolsas integrais.
“A arte transforma vidas. E a história de Marcos é prova disso”, destacou Pavel Kazarian, diretor-geral da escola.