Em entrevista ao NYT, Lula diz que Brasil não será tratado como inferior: ‘Não temos medo dos EUA’

Em entrevista ao NYT, Lula diz que Brasil não será tratado como inferior: ‘Não temos medo dos EUA’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Ricardo Stuckert/PR

Publicado em 30/07/2025 às 10:49 / Leia em 2 minutos

Às vésperas de entrar em vigor a nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil “não aceitará ser tratado com subserviência” e cobrou respeito do líder norte-americano.

A declaração foi feita em entrevista ao The New York Times, publicada nesta quarta-feira (30), a primeira concedida por Lula ao jornal em mais de uma década.

“Estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência. Trato todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, afirmou o presidente brasileiro.

A medida anunciada por Trump afeta sobretudo produtos como carne, café e suco de laranja. O Brasil será o país mais atingido pelas sanções, segundo o governo federal, que afirma ter tentado diálogo com Washington sem sucesso. Lula destacou que nenhum representante da Casa Branca respondeu às tentativas de contato, mesmo após o envio de uma carta oficial em maio.

“Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura e meu ministro da Economia para conversarem com seus respectivos pares. Até agora, não foi possível. Ninguém na Casa Branca quer conversar”, declarou.

O presidente classificou o anúncio das tarifas como um desrespeito à soberania nacional e criticou a forma como foi feito — diretamente por Trump em sua rede social, a Truth Social. Ele também rebateu a justificativa usada pelo ex-presidente americano, que relacionou a medida ao julgamento de Jair Bolsonaro pelo STF. “Talvez ele não saiba que aqui no Brasil o Judiciário é independente”, disse Lula.

O New York Times destacou que nenhum outro líder global tem confrontado Trump tão diretamente quanto o presidente brasileiro, descrevendo Lula como “possivelmente o estadista latino-americano mais importante deste século”.

Apesar das críticas, Lula reforçou que está aberto ao diálogo, mas sem abrir mão da dignidade brasileira. “Reconhecemos o poder dos EUA, mas não temos medo, temos preocupação”, declarou. Ele ainda alertou que os consumidores americanos sentirão os impactos das tarifas, com o aumento dos preços de produtos brasileiros.

“Estamos trocando uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos por uma relação de perdas mútuas”, concluiu.

Até o momento, a Casa Branca não comentou a entrevista.

Compartilhe

Alô Alô Bahia Newsletter

Inscreva-se grátis para receber as novidades e informações do Alô Alô Bahia