EUA ordena destruição de anticoncepcionais destinados a países pobres

EUA ordena destruição de anticoncepcionais destinados a países pobres

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Reprodução/Christopher Furlong/ REUTERS

Publicado em 28/07/2025 às 19:29 / Leia em 2 minutos

O governo dos Estados Unidos ordenou a destruição de um lote de anticoncepcionais avaliado em US$ 9,7 milhões (cerca de R$ 54,2 milhões), que seriam enviados a países de baixa renda. A medida, revelada pelo jornal The Guardian em 18 de julho, provocou forte reação de ONGs, entidades feministas, parlamentares e diplomatas, que acusam Washington de coerção reprodutiva e desperdício de recursos essenciais à saúde feminina.

Os contraceptivos, principalmente DIUs e implantes hormonais, estavam armazenados em Geel, na Bélgica, e devem ser incinerados até o fim de julho, na França. Segundo documentos internos, os produtos têm validade entre abril de 2027 e setembro de 2031, o que contraria a alegação de vencimento apresentada pelo governo.

Os itens foram adquiridos pela USAID durante o governo de Joe Biden e seriam distribuídos a mulheres, especialmente na África Subsaariana. A destruição, no entanto, se baseia na Política da Cidade do México, diretriz reinstaurada por Donald Trump e mantida em 2025, que proíbe financiamento de ONGs que promovam ou realizem o aborto, mesmo que os anticoncepcionais não sejam abortivos.

O custo estimado da incineração é de US$ 167 mil (R$ 934 mil).

Reações

ONGs como a MSI Reproductive Choices e a Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF) se ofereceram para reembalar e distribuir os contraceptivos sem custos, mas suas propostas foram rejeitadas. A IPPF classificou a decisão como “coerção reprodutiva intencional”.

Nos EUA, os senadores democratas Jeanne Shaheen e Brian Schatz apresentaram um projeto de lei para impedir a destruição. Enquanto isso, o governo da Bélgica busca alternativas diplomáticas para evitar a incineração e encontrar novos destinos para os materiais.

França pressionada a não ser “cúmplice”

Na França, onde a incineração está programada, o governo de Emmanuel Macron sofre pressão de ativistas e políticos. A presidente do Planning Familial, Sarah Durocher, criticou a cumplicidade francesa com a política americana. “Um governo que inscreve com orgulho o direito ao aborto na Constituição deve também proteger a contracepção e os direitos das meninas além de suas fronteiras”, declarou.

A presidência francesa foi procurada pela agência AFP, mas não se pronunciou até o momento.

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