O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou nesta quinta-feira (24) ter determinado operações para dificultar o deslocamento de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições de 2022.
Vasques prestou depoimento como réu no núcleo 2 da ação penal da trama golpista, e foi interrogado pelo juiz Rafael Tamai, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo as investigações, o ex-diretor da PRF teria dado ordens ilegais para a realização de blitzes no dia 30 de outubro de 2022, com foco no Nordeste, região em que Lula obteve ampla vantagem sobre Jair Bolsonaro.
Durante a audiência, Silvinei alegou que as operações visavam coibir crimes eleitorais, como transporte irregular de eleitores e bloqueios de rodovias. Ele negou que as ações tenham sido motivadas por razões políticas e afirmou que não recebeu ordens ilegais do então ministro da Justiça, Anderson Torres, também réu na mesma ação.
“Tudo que a gente recebeu de determinação, eu entendi que deveria acatar. Entendi que era meu dever legal. Não vi ilegalidade nas falas do ministro”, disse Silvinei.
O interrogatório dos réus marca uma das etapas finais da ação penal. O julgamento do núcleo 2 está previsto para o segundo semestre. Já o núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, está na fase de alegações finais e deve ser julgado em setembro.
Operações no Nordeste
De acordo com dados da investigação, a PRF mobilizou 795 policiais no Nordeste durante o segundo turno — número superior ao das demais regiões: 230 (Norte), 381 (Centro-Oeste), 418 (Sul) e 528 (Sudeste).
O volume de ônibus fiscalizados também foi desproporcional:
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2.185 veículos no Nordeste
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893 (Centro-Oeste), 632 (Sul), 571 (Sudeste) e 310 (Norte)
A atuação da PRF no dia da eleição levantou suspeitas de interferência no processo democrático, sendo um dos pontos centrais da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR)