Nos últimos anos, Preta Gil fez questão de destacar ao público sobre como sua fé tinha grande importância em sua caminhada. A cantora morreu no último domingo (20), nos Estados Unidos, durante um tratamento de um câncer colorretal, e sempre esteve ao lado de amigos, familiares e Oxum, sua Orixá de cabeça, e Nossa Senhora Aparecida, sua santa católica de devoção.
Em conversa com a Quem, o Babalorixá Célio D’Omolu, responsável pelos cuidados espirituais da artista, contou um pouco sobre como a fé a fortaleceu em todos os momentos. “Ela foi um ser de luz. Preta era uma pessoa muito iluminada espiritualmente. E convivi com essa luz muito de perto. Normalmente, quando as pessoas trazem esse histórico de uma força espiritual muito grande, isso vem da ancestralidade. A nossa religião ajuda para que você cresça, para que você evolua espiritualmente”, contou ele.
Dona das águas doces, Oxum representa fertilidade, doçura, amor, beleza, vaidade e riqueza, representada por sua cor dourada, assim como o ouro. “Preta estava sempre disponível, aberta para receber o axé. Ela tinha uma comunicação com o sagrado muito grande, uma fé plural. Uma confiança muito grande na mãe Oxum e nas santinhas católicas dela”, explicou.
O religioso ainda destacou a necessidade dela em informar o público, o tempo todo, sobre sua doença. “Ela alertou que as pessoas precisavam se cuidar, pesquisar o seu corpo, o seu organismo, o seu físico. Se proteger, se fortalecer espiritualmente. Quando ela ficou doente, todo mundo se abalou, foi um amor contagiante. Todo mundo sofreu, chorou, rezou, pediu, orou”, apontou.
Segundo o pai de santo, Preta nunca esteve espiritualmente sozinha e, por isso, ela recebia diversos sinais de Oxum e Iansã, outra Orixá de sua cabeça. “Isso é uma comunicação espiritual, é um dom. E esse dom acontece com as pessoas com a sensibilidade aguçada. Essa capacidade toda que vem da sua própria ancestralidade. Ela tinha essa missão de espalhar alegria, cuidado com o outro, amor”, salientou.
Célio explicou que, por conta da doença terminal, sua espiritualidade foi se fortalecendo com o tempo para prepará-la para a volta ao Orum, que é o mundo espiritual. Com isso, pode-se dizer que Orum é como se fosse o céu para quem acredita no cristianismo. “Com lucidez, tranquilidade, equilíbrio. Cercada desse amor, essa foi a principal ajuda que o Orixá deu. E de mantê-la sempre firme. Ela faleceu neste momento, mas ela a segurou com garra. Ela viveu”, ressaltou.
