Câncer que afetou Preta Gil avança entre adultos com menos de 50 anos, aponta estudo

Câncer que afetou Preta Gil avança entre adultos com menos de 50 anos, aponta estudo

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas, com informações da CNN Brasil

Alex Santana

Publicado em 21/07/2025 às 12:00 / Leia em 3 minutos

Preta Gil morreu nesse domingo (20), aos 50 anos, após uma longa batalha contra um câncer colorretal, tipo de tumor que vem aumentando de forma preocupante entre jovens adultos no mundo todo.

Segundo levantamento da Sociedade Americana do Câncer, publicado em dezembro do ano passado, a incidência da doença entre pessoas de 25 a 50 anos subiu em 27 dos 50 países analisados, como Nova Zelândia, Chile e Porto Rico, onde os índices cresceram cerca de 4% ao ano.

A pesquisa indica que esse tipo de câncer está avançando mais rápido entre homens em países como Chile, Argentina e Suécia, enquanto em regiões como Inglaterra, Noruega e Austrália, o aumento tem sido maior entre mulheres.

Ainda segundo o estudo, países como Austrália, EUA e Coreia do Sul lideram as taxas de incidência entre jovens, com até 17 casos por 100 mil habitantes. Uganda e Índia estão entre os que têm os índices mais baixos. O Brasil não teve dados incluídos na pesquisa.

A razão para esse crescimento precoce ainda não é completamente compreendida, mas um ponto de atenção dos cientistas é o microbioma intestinal. Pesquisadores identificaram a presença de uma toxina chamada colibactina, produzida por cepas específicas da bactéria E. coli, como possível fator de risco.

Ela provoca mutações no DNA associadas ao desenvolvimento de tumores. Um estudo internacional analisou o DNA de 981 tumores colorretais em pacientes de 11 países e revelou que as mutações ligadas à toxina eram mais de três vezes mais comuns em pessoas diagnosticadas antes dos 40 anos, em comparação com aquelas com mais de 70.

Segundo o oncologista Mauro Donadio, da Oncoclínicas, essas mutações afetam, sobretudo, o gene APC, responsável por controlar o crescimento celular.

“As alterações tendem a acontecer ainda na infância, o que indica que a toxina pode iniciar silenciosamente o processo cancerígeno décadas antes do diagnóstico”, afirmou ele, em conversa com a CNN Brasil.

A descoberta é considerada uma das mais relevantes na investigação da ligação entre alterações no intestino e o câncer em pessoas jovens.

Outros fatores também são apontados como possíveis gatilhos para a doença, como obesidade, dieta pobre em nutrientes e rica em alimentos ultraprocessados, uso frequente de antibióticos, além de predisposições genéticas.

O diagnóstico entre jovens, porém, ainda é um desafio. Cerca de 20% a 30% dos casos são descobertos tardiamente, em fases já avançadas. Isso acontece porque, diferentemente dos pacientes mais velhos, os mais jovens tendem a apresentar sintomas mais genéricos, como alterações no funcionamento do intestino, dor abdominal, anemia e cansaço persistente.

Atualmente, o rastreamento do câncer colorretal no Brasil começa aos 50 anos, mas em outros países a recomendação já foi reduzida para 45, diante do aumento de casos em faixas etárias mais baixas. A colonoscopia segue como o método mais eficaz de detecção precoce, sendo capaz de identificar e remover lesões antes mesmo de se tornarem tumores malignos.

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