Gabriel Souza, de 39 anos, era motorista de aplicativo e dava aulas de violão quando uma ideia bateu em sua porta e ele fez questão de deixar a visita entrar para ficar de vez. “Uma mãe de um aluno viu as fotos que eu postava das plantas e me pediu para vender para ela uma muda de babosa”, lembra ele.
Foi assim que o engenheiro agrônomo voltou a atuar na profissão e se tornou um empreendedor, unindo os conhecimentos que adquiriu na faculdade com o que aprendeu no quintal da avó e na roça do pai. A empresa ganhou CNPJ em 2020 e a expectativa de Gabriel é passar de MEI (Microempreendedor Individual) para ME (Microempresa) ainda em 2025.
A loja de plantas funciona em casa mesmo, imóvel que era dos avós. “Meus avós vieram do Pará para trabalhar em Salvador. Minha avó era indígena e tudo o que ela plantava nesse quintal vingava”, diz o engenheiro. As portas ficam abertas e o cliente pode ver já da calçada a variedade de opções de plantas. Vão de R$ 10 até cerca de R$ 2 mil, a depender do tipo e tamanho.
“O pessoal começou a passar na frente e perguntar se eu tinha alecrim, manjericão. Vi que tinha saída e que podia dar certo”, lembra. Ele compartilha que algumas das mais procuradas são jiboias e samambaias para quem quer plantas pendentes para as salas, costelas de adão, espadas e zamioculcas para as plantas de chão, cactos e crótons para lugares de sol e, claro, não podem faltar os temperos, principalmente alecrim e manjericão.
Para deslanchar, o negócio implementou ainda dois diferenciais. Gabriel entrega as plantas em casa. O nome da empresa é Plantas Delivery SSA, com entregas em Salvador e Região Metropolitana. Antes motorista de aplicativo para passageiros, agora ele se diz motorista de planta. Com os conhecimentos que tem, orienta o cliente sobre a melhor escolha e a como cuidar da aquisição.
“No mercado e atacadão, quem vende planta quer só que você compre e, se possível, até mate logo a planta para você voltar lá na outra semana e comprar outra. Eu não gosto de ver planta morrer, eu só vendo o que fica bom na sua casa”, garante o empreendedor.
Alavancando o negócio
Foi a partir desse comportamento que Gabriel passou a receber pedidos de clientes para ir até a residência e montar um projeto de instalação de plantas em jardineiras e varandas. Ele, que não tem nenhum funcionário fixo e apenas conta com a ajuda da mãe e da irmã, passou a pagar uma diária para um ajudante nos dias que realiza esse tipo de serviço. “Eu estudo se o local bate sol, se tem vento, se tem espaço para a planta crescer e levo todo o material e as plantas para a instalação”, explica.
Já foi até contratado por um condomínio para instalar plantas numa área externa. “O céu é o limite”, diz ele, animado com o crescimento do negócio. Compartilha que, como motorista de aplicativo, ganhava cerca de R$ 5 mil por mês, mas os gastos com as parcelas, manutenção e combustível eram muito elevados. Hoje, sem funcionários fixos e com uma loja no próprio quintal de casa, ganha em torno de R$ 7 mil por mês com o negócio.
Gabriel seguiu como motorista de aplicativo ainda nos dois primeiros anos da empresa e usava boa parte do dinheiro que ganhava para comprar mudas. Mas logo não conseguiu mais conciliar as duas coisas. Hoje, planta a maior parte do que vende.
A criação acontece num sítio em Santo Amaro da Purificação. Ele vai até o local aos domingos para abastecer a loja que fica no bairro Caminho das Árvores, em Salvador. É lá que, todos os dias de manhã cedo, ele abre o portão, varre a calçada, molha as plantas e se dedica ao atendimento presencial e, principalmente, online.
“Atendo os clientes pelo WhatsApp e fico sempre alimentando o Instagram com novas publicações. Aí, no final do dia, é a hora de fazer as entregas”, conta Gabriel, que administra o perfil @plantasdeliveryssa, que tem mais de 11 mil seguidores. A loja funciona de segunda à sexta das 8h às 17h e aos sábados das 8h às 12h.
Dicas
Para os iniciantes no hábito de cultivar plantas em casa, ele oferece oficinas a R$ 100 por pessoa, com turmas anunciadas através do Instagram, mas, para os leitores do CORREIO, ele libera algumas dicas. A primeira é que, não adianta querer só comprar a planta e deixar ela ali. É preciso molhar, em geral, um dia sim e outro não, além de adubar a cada 30 dias.
A segunda dica e mais importante é a escolha do lugar. “Um cacto na sombra vai apodrecer, uma costela de adão na varanda ou cobertura, vai ressecar”, alerta. Escolhendo a planta certa para o local certo e seguindo a rotina de rega e adubação, vai ser difícil conseguir matar a planta, ele garante. Os tipos mais fáceis de cuidar, segundo ele, são espadas e jiboias, mais resistentes e que permitem que seus cuidadores passem um final de semana fora de casa, por exemplo.
O engenheiro agrônomo se diz feliz. Faz questão de dizer que não cospe no prato que comeu e que, com o que ganhou como motorista, quitou o carro com o qual faz hoje as entregas das plantas. “A gente estuda, se forma e quer trabalhar na área. E fico feliz que a vida me trouxe para o delivery de plantas”, coloca Gabriel, que fala da atividade que exerce com propriedade e paixão.
“A faculdade que fiz foi em Florianópolis. Eu bati o pé que queria fazer lá e minha família não gostou. Minha avó me deu R$ 300 para eu comprar a passagem e fazer o vestibular. Foi o único vestibular que fiz na vida, passei. Hoje, a vida me trouxe de volta aqui para a casa dela”, completa.
Serviço:
Instagram: @platasdeliveryssa
WhatsApp: (71)91478264
Endereço: Rua do Timbó, 263, Caminho das Árvores (Salvador-BA)
Funcionamento: Segunda à sexta das 8h às 17h e aos sábados das 8h às 12h