O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, nesta terça-feira (15), as investigações da Polícia Federal que apuram uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em entrevista à CNN Brasil, ele afirmou que está sendo alvo de perseguição política e que a corporação “coloca palavras” em sua boca.
“É um processo que não tem cabimento. Não existe golpe nenhum”, declarou Bolsonaro, ao rebater o conteúdo da delação premiada do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. Segundo o ex-presidente, a colaboração “é uma vergonha” e foi conduzida de forma irregular. “O próprio procurador Gonet deveria ser denunciado pelo que está acontecendo”, disse.
As falas acontecem no dia seguinte à divulgação do parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), assinado por Paulo Gonet, que se manifestou a favor da condenação dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, incluindo o próprio Bolsonaro.
No documento de 517 páginas, a PGR afirma que os acusados integravam uma organização criminosa com o objetivo de manter Bolsonaro no poder de forma ilegítima. O texto aponta que os réus, muitos deles do alto escalão do governo e das Forças Armadas, estruturaram um “projeto autoritário de poder” com divisão de funções e articulação hierárquica.
O tenente-coronel Mauro Cid, embora com menor poder de decisão, é citado como peça-chave na engrenagem do grupo, atuando como intermediário entre Bolsonaro e os demais integrantes. Cid teria transmitido ordens e orientações dadas diretamente pelo ex-presidente.
Ao comentar a acusação, Bolsonaro voltou a dizer que é vítima de um processo político e usou a mesma expressão já adotada por Donald Trump: “caça às bruxas”. “Trump disse que estão fazendo uma caça às bruxas, e é verdade”, afirmou.
Durante a entrevista, Bolsonaro também disse que cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e não a ele, negociar com os Estados Unidos a nova taxação sobre produtos brasileiros imposta pelo ex-presidente Trump.