‘Disania’, ‘pejotização’, ‘terrir’ e mais 5 palavras podem entrar no português oficial; veja como funciona o processo

‘Disania’, ‘pejotização’, ‘terrir’ e mais 5 palavras podem entrar no português oficial; veja como funciona o processo

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia com informações do g1

Rodrigo Fonseca/CMC

Publicado em 14/07/2025 às 09:40 / Leia em 3 minutos

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), elaborado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), pode ganhar novos integrantes em breve. Oito palavras estão em análise e aguardam decisão dos lexicógrafos para serem incorporadas oficialmente ao português padrão.

A lista inclui termos já presentes no cotidiano de muitos brasileiros, como “disania”, “terrir” e “pejotização”, além de outros menos conhecidos. Confira os significados:

– Disania – dificuldade extrema de sair da cama pela manhã, mesmo após uma noite de sono;
– Terrir – gênero de filme que mistura terror com humor;
– Pejotização – prática de contratação de um trabalhador como pessoa jurídica (PJ), em vez de pela CLT;
– Cordonel – lona têxtil revestida com borracha crua, usada na vulcanização de pneus;
– Microssono – período de sono muito curto e involuntário, de poucos segundos;
– Reclínio – ação de inclinar-se, afastar-se da posição vertical ou deitar-se;
– Retrofitagem – modernização de edifícios antigos com melhorias tecnológicas sem alterar a estrutura original;
– Tokenização – substituição de dados sensíveis por códigos aleatórios (tokens), usada principalmente em segurança digital.

Como uma palavra entra no Volp?

Ao contrário de dicionários como o Houaiss e o Aurélio, que também registram gírias e expressões informais, o Volp tem como objetivo padronizar a grafia da norma culta da língua portuguesa. Ele não apresenta significados, mas informa a forma correta de escrita, flexões e a classe gramatical dos termos.

Para que um novo vocábulo seja incluído, é necessário cumprir critérios técnicos. Segundo Ricardo Cavalieri, coordenador da Comissão de Lexicografia da ABL, em entrevista ao g1, a palavra precisa ter uso contínuo e estável, ou seja, não pode ser apenas uma moda passageira, e aparecer em textos escritos, como reportagens, artigos científicos, obras literárias e publicações técnicas.

Além disso, deve haver uniformidade de sentido em diferentes contextos, e, no caso de palavras de origem estrangeira, é necessário que estejam aportuguesadas. Termos como bullying ou spin-off, por exemplo, podem ser registrados em vocabulários paralelos, mas não entram no Volp enquanto mantiverem a grafia original.

Para acompanhar essa dinâmica, a ABL mantém o Observatório Lexical, um espaço dedicado à análise de termos sugeridos por leitores ou identificados pelos próprios lexicógrafos. O processo de decisão envolve pesquisas em bancos de dados digitais, obras escaneadas e materiais diversos. Não há um prazo fixo para a aprovação de novos vocábulos.

A entrada de Covid-19, por exemplo, aconteceu de forma acelerada devido ao uso massivo do termo durante a pandemia, o que exigiu padronização imediata da linguagem na mídia e na ciência.

Agora, “disania”, “pejotização”, “terrir” e os outros cinco termos seguem em observação. Caso o uso siga se consolidando de forma ampla e consistente, eles poderão, em breve, integrar oficialmente o português escrito e formal.

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