No bairro dos Barris, em Salvador, um pequeno espaço cheio de histórias e afeto chama atenção de quem passa pela Rua da Mesquita: é o “Hospital de Bonecas”, comandado há mais de quatro décadas pelo artesão Rosalvo Bonfim, de 71 anos.
O local, com prateleiras repletas de brinquedos restaurados e sacos cheios de peças e tecidos, é dedicado ao conserto de bonecas e outros itens antigos como carrinhos, aviões e até um papai noel. Mas a preferência de Rosalvo sempre foi clara: as bonecas.
Ele começou o ofício ainda adolescente, aos 15 anos, e precisou enfrentar o preconceito para manter sua paixão viva. “Fui criticado por muitos, mas o que falam não me interessa. O que importa é o que eu sou”, afirma o artesão em entrevista ao g1 Bahia.
Atualmente, ele se dedica em tempo integral ao serviço de restauração, que inclui reforço estrutural, substituição de cabelos e roupas feitas sob medida. Os reparos custam entre R$ 120 e R$ 280. Segundo ele, o maior desafio hoje é encontrar peças de qualidade, já que muitos brinquedos modernos usam materiais frágeis.
Apaixonado pelo que faz, Rosalvo sonha em montar um espaço maior, com uma “UTI de brinquedos”, equipada com sala de espera, “enfermeira” e macas para os pacientes. Também deseja criar um acervo para doar bonecas restauradas a instituições infantis e de idosos. No entanto, lamenta que os filhos e netos não demonstrem interesse em continuar o trabalho.
Apesar da popularidade dos bebês reborn — bonecos hiper-realistas que chegam a custar milhares de reais —, o artesão garante que seu negócio continua firme. “Já consertei alguns reborn, mas o esforço é o mesmo. O mercado tem espaço para todos”, finaliza.