Taxação de Trump ameaça R$ 2,6 bilhões da indústria baiana em exportações

Taxação de Trump ameaça R$ 2,6 bilhões da indústria baiana em exportações

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Com informações do Correio*

Shutterstock

Publicado em 12/07/2025 às 08:33 / Leia em 3 minutos

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometer impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, em um anúncio feito na última quarta-feira (9), os baianos começaram a fazer as contas, especialmente no setor industrial. O país norte-americano é hoje o terceiro maior comprador dos produtos industrializados do estado, atrás apenas da China e, recentemente, do Canadá.

Para se ter uma noção, a indústria baiana exportou um montante de 440 milhões de dólares só no primeiro semestre deste ano, o equivalente a R$ 2,4 bilhões, revela o superintendente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Vladson Menezes. A previsão era chegar aos 900 milhões de dólares até o final do ano, cerca de R$ 5 bilhões, mas a tendência é que isso não aconteça caso a nova tarifa passe a valer a partir do dia 1º. A expectativa do setor é de perdas.

Em uma projeção feita pela Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia (SEI), com a imposição tarifária norte-americana, o estado deve amargar um prejuízo de aproximadamente 470 milhões de dólares só no primeiro ano da nova medida, o que daria R$ 2,6 bilhões convertidos, aponta o coordenador de Conjuntura Econômica da SEI, Arthur Cruz. Dano que recairia principalmente no setor indústrial que responde por quase 90% das exportações para os Estados Unidos, completa Vladson.

“A indústria vai ser fortemente afetada. Quando olhamos a Bahia como um todo, as exportações para os Estados Unidos equivalem a 1% do PIB [Produto Interno Bruto] do estado. Só que a indústria de transformação, que é mais de 15% do PIB, é responsável por quase 90% dessas exportações”, explica o superintendente da Fieb.

Indústria de celulose corre mais risco

E em meio a esse cenário pessimista, o setor de celulose é o que mais preocupa. É dele que sai a maior parte das exportações baianas para o país de Donald Trump. “Em 2025, o que lidera as exportações para lá é a celulose”, dispara Arthur. Vladson Menezes acrescenta que 12% da celulose baiana que vai para fora tem os Estados Unidos como destino. “A celulose é um setor fortemente exportador, então boa parte do faturamento dela vem das exportações. Vai ser atingida de maneira significativa”, avalia.

Fernando Branco, presidente do Sindicato das Indústrias de Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão do Estado da Bahia (Sindpacel), lembra que o setor já estava driblando a tarifa de 10% aos produtos brasileiros, imposta desde abril também pelo presidente Trump. “Algumas empresas ainda estavam conseguindo negociar diretamente com os clientes americanos. Mas, com essa tarifa de 50% não tem como negociar com o cliente, fica inviável”, enfatiza.

O resultado provável disso é a falta de competitividade e a perda de espaço no mercado internacional. “Existem outros países produtores de celulose como o Canadá e o Chile, que também podem exportar para os Estados Unidos e não estão com essas tarifas. Por mais que a gente trabalhe com o valor menor, com essa taxa vamos perder competitividade com esses outros países”, explica Branco.

Mais grave que a perda de competitividade, a perda de mercado pode continuar mesmo com a derrubada posterior da taxação. “Porque o mercado é muito competitivo. Se você perde um cliente, mesmo depois que caia a tarifa, haverá dificuldade de voltar para esse cliente. Esse é o principal problema”, conta o presidente do Sindpacel.

 

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