Junho de 2025 entrou para os registros climáticos como o terceiro mês de junho mais quente já registrado no planeta, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo observatório europeu Copernicus, referência no monitoramento das mudanças climáticas globais.
De acordo com os cientistas, a temperatura global no mês ficou 1,30°C acima da média do período pré-industrial (1850–1900), sendo apenas o terceiro mês, nos últimos dois anos, em que esse aumento ficou abaixo da marca simbólica de 1,5°C — limite estabelecido pelo Acordo de Paris.
A média global de temperatura do ar foi de 16,46°C, o que representa um aumento de 0,47°C em relação à média histórica para o mês (1991–2020). Apesar de não ter superado os recordes absolutos de 2024 e 2023, o relatório do Copernicus destaca que a tendência de aquecimento continua firme — e os efeitos, cada vez mais visíveis.
Em comunicado, a líder de Estratégia Climática do ECMWF (centro que coordena os dados do Copernicus), Samantha Burgess, alertou para a presença de extremos climáticos nos dois hemisférios durante o mês.
Enquanto regiões da Europa, América do Norte, Ásia Central e até a Antártica Ocidental registraram temperaturas muito acima da média, partes do Hemisfério Sul — como Argentina e Chile — enfrentaram um frio incomum para o período.
Na Europa Ocidental, uma onda de calor excepcional elevou os riscos de estresse térmico, especialmente em áreas banhadas pelo Mar Mediterrâneo, onde a água atingiu temperaturas recordes. Já na Antártica Oriental e na Índia, o fenômeno oposto foi observado: temperaturas abaixo do esperado.
Segundo os especialistas, essa combinação de extremos — calor severo de um lado e frio anormal de outro — é um reflexo direto do desequilíbrio crescente no sistema climático global. E embora eventos pontuais de frio ainda aconteçam, a tendência geral é de aquecimento contínuo, com impactos sérios na saúde, agricultura, ecossistemas e economia.
“Em um mundo em aquecimento, as ondas de calor provavelmente se tornarão mais frequentes, mais intensas e afetarão mais pessoas em toda a Europa”, reforçou Burgess.