O sistema elétrico brasileiro pode enfrentar problemas para atender à demanda de energia nos horários de pico nos próximos cinco anos, caso não sejam realizados leilões de potência elétrica.
A conclusão é do Plano da Operação Energética (PEN 2025), divulgado na terça-feira (8) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O documento avalia o fornecimento de energia no país entre 2025 e 2029 e alerta para a necessidade de despacho emergencial de usinas termelétricas, principalmente ao final do dia, quando a demanda atinge seu ponto máximo. Entre as medidas que poderão ser adotadas, está até o retorno do horário de verão, suspenso desde 2019, como forma de aliviar a pressão no consumo noturno.
Segundo o ONS, a mudança na matriz elétrica brasileira, com o crescimento das fontes intermitentes como solar, eólica e microgeração distribuída (MMGD), traz desafios para garantir potência à noite, período em que a energia solar praticamente deixa de ser gerada. Mesmo com a previsão de aumento de 36 gigawatts (GW) na capacidade instalada até 2029, o plano aponta risco de insuficiência de potência em todos os anos analisados.
“O sistema exige maior flexibilidade operacional, especialmente das hidrelétricas e das térmicas que possam responder rapidamente à variação da demanda”, diz o relatório.
Leilões travados
Um leilão de reserva de capacidade, previsto para 2023, acabou sendo cancelado após disputas judiciais. Em abril deste ano, o Ministério de Minas e Energia revogou a portaria que autorizava a realização do certame. A Aneel afirma que, caso uma nova regra seja publicada, um novo leilão poderá ser agendado com base nos documentos já produzidos.
O plano destaca que a ausência desses leilões compromete o equilíbrio entre oferta e demanda, e a probabilidade de falhas (LOLP) deve crescer a partir de 2026, com violação dos níveis de segurança no suprimento de energia em praticamente todos os anos até 2029.
O estudo também chama atenção para o aumento da demanda por parte de cargas especiais, como datacenters e plantas de hidrogênio verde, que consomem grandes volumes de energia e têm pouca flexibilidade. Esse fator, combinado ao déficit de potência noturna, pode agravar ainda mais o cenário.
“É urgente a realização de leilões anuais de reserva de capacidade”, conclui o ONS, reforçando que o sistema precisa de fontes com capacidade de resposta rápida, e não de térmicas com inflexibilidade ou acionamento lento.