MP denuncia Nikolas Ferreira por fake news nas eleições de Belo Horizonte

MP denuncia Nikolas Ferreira por fake news nas eleições de Belo Horizonte

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Agência Câmara

Publicado em 08/07/2025 às 18:00 / Leia em 3 minutos

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou nesta terça-feira (8) o deputado estadual Bruno Engler (PL) e outros aliados por propagação de fake news contra o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, durante o segundo turno das eleições municipais de 2024.

Também foram denunciados:

  • Coronel Cláudia (PL), candidata a vice-prefeita na chapa de Engler;

  • Delegada Sheila (PL), deputada estadual;

  • Nikolas Ferreira (PL), deputado federal.

Se a denúncia for aceita pela Justiça, os quatro se tornarão réus em ação penal e poderão ir a julgamento.

Campanha de desinformação

De acordo com o MPMG, os denunciados promoveram uma “campanha sistemática de desinformação” com o objetivo de prejudicar a imagem de Fuad Noman e favorecer Bruno Engler nas urnas. As estratégias envolveram:

  • Uso de trechos descontextualizados do livro “Cobiça”, escrito por Fuad em 2020;

  • Falsas acusações de que o ex-prefeito teria exposto crianças a conteúdos inapropriados durante o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) promovido pela prefeitura.

Segundo a promotoria, as fake news foram divulgadas nos últimos dias da campanha eleitoral por rádio, TV, internet e redes sociais — aumentando consideravelmente o alcance das mensagens. Um dos denunciados, segundo o MP, chegou a descumprir decisão judicial para remover o conteúdo.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) já havia determinado a retirada do material do ar e concedido direito de resposta à campanha de Fuad Noman. Agora, o MP busca responsabilização criminal, ressaltando que a punição eleitoral não exclui a apuração penal, devido à independência das esferas jurídica e eleitoral.

“A denúncia enfatiza que as sanções eleitorais não afastam a apuração dos mesmos fatos na esfera criminal”, afirmou o MPMG em nota.

Na ação, o Ministério Público também solicitou que, em caso de condenação, os acusados sejam obrigados a pagar indenização por danos morais — valor que seria destinado a uma instituição de caridade, a ser escolhida pelo juiz do caso. Os familiares de Fuad optaram por não receber reparações financeiras.

O órgão também requereu a suspensão dos direitos políticos dos envolvidos após eventual condenação definitiva, o que pode impedi-los de votar e se candidatar por tempo determinado.

Polêmicas

Entre os episódios mencionados na denúncia está a manipulação de trechos do livro “Cobiça”, em que uma personagem narra um caso de abuso sexual infantil. O conteúdo foi retirado de contexto para sugerir que Fuad endossava o crime. Em um vídeo de campanha, a Coronel Cláudia chegou a afirmar:

“Eu não vou nem ler o que está escrito, pois é muito pesado e pode ter crianças ouvindo.”

Outro episódio envolveu o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ). Em propaganda eleitoral, Bruno Engler acusou a prefeitura de permitir “acesso irrestrito de crianças a conteúdos sexualmente explícitos”, o que também foi desmentido judicialmente.

“Esse é o último programa do período eleitoral. […] Não debate, porque não quer falar da feira de quadrinhos, um evento que tinha amplo acesso às crianças […] com títulos completamente inapropriados”, declarou Engler na ocasião.

Fuad Noman morreu em março de 2025, após complicações de saúde.

Compartilhe

Alô Alô Bahia Newsletter

Inscreva-se grátis para receber as novidades e informações do Alô Alô Bahia