Nesta sexta-feira(27), no dia em que completou 64 anos, o corredor baiano José Santana, mais conhecido como Morde Chapa, decidiu comemorar de um jeito inusitado: correndo 64 km pelas ruas de Salvador – um para cada ano de vida.
Natural de Itabuna, no sul da Bahia, Morde Chapa é figura conhecida entre os apaixonados pela corrida na capital. Com uma rotina nada comum, ele costuma correr 42 km por dia e já chegou a completar impressionantes 117 km em uma ultramaratona. “Pra mim, não tem coisa melhor, eu amo correr. Não sinto cansaço, não tenho nenhuma doença, nenhum vício”, contou ao g1.
A dedicação chamou atenção de muitos, mas também gerou desconfiança. Por muito tempo, seus relatos de treinos e distâncias percorridas circulavam apenas por mensagens em aplicativos, o que fez com que parte da comunidade esportiva soteropolitana duvidasse da veracidade dos feitos.
Foi só quando conheceu pessoalmente o atleta Júnior Cavalcante, gestor do grupo Mania de Corrida Salvador, que a história mudou. “Fiz uma prova com ele, depois uns treinos de 42 km, filmei e mostrei que ele realmente corria essa quantidade por dia. Não era mentira”, disse Júnior.
A amizade entre os dois transformou a vida de Morde Chapa. Após o encontro em 2023, ele se mudou para Salvador com o apoio da comunidade de corredores. Hoje, é tratado como celebridade entre os atletas da cidade. Quando passa correndo, não faltam vídeos, sorrisos e gritos de incentivo. Seu lema virou bordão entre os colegas: “só vai, é só treinar que fica bom”, frase que já estampa até camisetas.
A paixão pela corrida nasceu ainda na infância, no estádio Itabunão, em Itabuna. Começou com 300 metros e logo passou a percorrer distâncias maiores. Com o tempo, ficou conhecido na região por fazer treinos “longões”, como o percurso entre Itabuna e Ilhéus, de 32 km.
Já adulto, morou em São Paulo, onde participou mais de 20 vezes da tradicional Corrida de São Silvestre, de 15 km. Depois do falecimento da esposa, voltou para Itabuna para morar com o pai e a irmã. Mas o reencontro com a corrida em Salvador foi decisivo para virar a página.
Hoje, vive da corrida e do apoio de amigos, atletas e empresários do ramo esportivo, que contribuem com equipamentos e ajuda financeira. Até os ambulantes da orla de Salvador participam dessa rede de apoio, oferecendo água de coco e palavras de incentivo.
O que move Morde Chapa, no entanto, não é fama nem patrocínio. É amor pelo esporte. “Correr cura tudo. Eu comecei com 300 metros e me prometi que não ia desistir. Hoje corro 50 km e nem parece! Eu não sou melhor que ninguém, é só treinamento”, diz o incansável aniversariante.