STF retoma julgamento que pode mudar regras sobre responsabilidade de redes sociais no Brasil

STF retoma julgamento que pode mudar regras sobre responsabilidade de redes sociais no Brasil

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Unsplash

Publicado em 25/06/2025 às 10:48 / Leia em 3 minutos

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, nesta quarta-feira (25), o julgamento que pode alterar as regras de responsabilização das plataformas digitais por conteúdos ilegais postados por usuários.

A análise gira em torno do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que hoje prevê que redes sociais só podem ser responsabilizadas caso descumpram uma ordem judicial para retirar o conteúdo do ar.

Com repercussão geral reconhecida, o julgamento terá impacto direto em todos os tribunais do país e pode redefinir os limites entre liberdade de expressão e o dever das plataformas de agir diante de conteúdos ilegais.

A maioria da Corte já se posicionou a favor da responsabilização mesmo sem decisão judicial, o que representa um possível marco regulatório inédito no Brasil.

Até o momento, sete ministros votaram nesse sentido: Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Para eles, as plataformas devem ter algum grau de responsabilidade direta e podem ser obrigadas a pagar indenizações quando permitirem a disseminação de conteúdos racistas, misóginos, homofóbicos, antidemocráticos, entre outros ilícitos.

O único voto contrário até agora foi do ministro André Mendonça, que defendeu a manutenção do artigo 19, alegando que a retirada de conteúdo sem decisão judicial compromete a liberdade de expressão. Ainda faltam votar Edson Fachin, Cármen Lúcia e Nunes Marques.

Entre os votos, há diferenças de interpretação. Toffoli e Fux afirmaram que o artigo 19 é inconstitucional por garantir proteção excessiva às plataformas e defenderam que a simples notificação extrajudicial da vítima deve ser suficiente para remoção do conteúdo.

Já Barroso e Dino propuseram exceções: para crimes contra a honra, como calúnia e difamação, a retirada continuaria dependendo de decisão judicial.

Gilmar Mendes sugeriu uma fórmula híbrida, combinando regras do artigo 21 do Marco Civil, que já prevê remoção imediata em casos de nudez e imagens íntimas, com a aplicação residual do artigo 19.

Moraes foi além e comparou as plataformas a veículos de mídia, afirmando que devem responder integralmente pelos conteúdos divulgados.

As principais empresas do setor, como Google e Meta, se posicionaram contra a mudança. Elas argumentam que já agem contra conteúdos ilegais sem necessidade de decisões judiciais e que uma responsabilização automática poderia abrir brecha para censura e comprometer a liberdade dos usuários.

A decisão final ainda não tem data para ser proclamada, mas o que for definido terá aplicação obrigatória em todo o país.

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