Em meio à escalada de tensão no Oriente Médio, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, enviou nesta segunda-feira (23) seu ministro das Relações Exteriores a Moscou, com o objetivo de obter maior apoio da Rússia diante do agravamento do conflito com os Estados Unidos.
Segundo a agência Reuters, o ministro Abbas Araqchi levou uma carta de Khamenei ao presidente Vladimir Putin, solicitando que Moscou amplie seu respaldo a Teerã, especialmente após os recentes ataques norte-americanos, considerados os mais intensos contra o regime iraniano desde a Revolução Islâmica de 1979.
Fontes iranianas ouvidas pela agência disseram que o país não está satisfeito com o suporte russo até o momento e espera ações mais concretas. Ainda não foram detalhadas quais formas de ajuda são esperadas.
O Kremlin confirmou que Putin receberia o ministro iraniano, mas não revelou o conteúdo do encontro. Em declaração à agência estatal TASS, Araqchi afirmou que Irã e Rússia estão “coordenando posições” diante da atual crise.
Embora mantenha laços históricos com o Irã e seja signatária de acordos nucleares no Conselho de Segurança da ONU, Putin tem evitado confrontos diretos com os EUA. Com a guerra na Ucrânia entrando no quarto ano, o presidente russo busca manter uma postura diplomática mais cuidadosa, mesmo após assinar um acordo de parceria estratégica de 20 anos com Teerã no início de 2025.
Apesar do acordo, não há cláusula de defesa mútua entre os países. A Rússia tem comprado armamentos iranianos para uso na Ucrânia, mas o apoio ao Irã em meio à atual crise ainda é limitado.
No domingo (22), Rússia, China e Paquistão apresentaram uma proposta ao Conselho de Segurança da ONU por um cessar-fogo imediato e incondicional no Oriente Médio, em resposta à ofensiva americana.
O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, criticou duramente os EUA, comparando a atual postura de Washington ao discurso feito em 2003 por Colin Powell para justificar a invasão do Iraque.
“Mais uma vez, somos solicitados a acreditar nos contos de fadas dos Estados Unidos”, disse Nebenzia. “Isso reforça nossa convicção de que a história não ensinou nada aos nossos colegas americanos.”