Adriane Galisteu reconhece algumas das recentes homenagens prestadas a Ayrton Senna, mas lamenta o apagamento constante da história que viveu ao lado do piloto. Embora considere válido exaltar o perfil dedicado do tricampeão, falecido em maio de 1994, a apresentadora, de 52 anos, afirma estar disposta a tornar pública a sua própria versão do relacionamento que teve com ele, destacando aspectos de sua personalidade fora das pistas.
“A gente tem a obrigação de manter esse cara vivo. Todo mundo conhecia o piloto, o gênio, o dedicado, mas aqui a gente sabia como ele era fora das pistas. Senna era engraçado, simples. Ele era melhor ainda fora das pistas. Era também ciumento, ariano, briguento…”, declarou Galisteu no quinto episódio da série documental “Barras Invisíveis”.
Mesmo após mais de 30 anos, Adriane reconhece que suas declarações costumam desagradar a família de Senna. “Sofro um apagamento não é de agora. É da vida inteira. Mas eles não vão conseguir me apagar. Podem contar uma história muito diferente da que eu vivi, mas eu estou viva para contar a minha versão. Quem viveu com o Senna 24h, dormiu, acordou, se divertiu, chorou, fomos eu e ele. Podem fazer o que quiser. Vou continuar sendo indigesta (ao falar) e está tudo bem.”
Ao revisitar o passado, a apresentadora elaborou uma teoria sobre a resistência da família em relação à sua presença na vida de Ayrton. “A família só sabia lidar com o Ayrton focado, metódico, sério, que só usava a roupa do patrocinador, com a mãe que fazia a mala dele. Nesse um ano e meio que ficamos juntos, vimos a família dele três vezes. Nos reencontros, Ayrton estava com cabelo grande, barba por fazer… No auge da minha maturidade hoje, sei o quanto isso mexeu com eles. Porque eles conheciam um Senna de um jeito, e ao me conhecer, ele ficou de outro”, relatou Galisteu, destacando que o piloto se tornou mais descontraído durante o namoro.
Um episódio envolvendo Viviane Senna, irmã do piloto, ilustra essa mudança de dinâmica familiar. “A gente estava em Angra dos Reis, eu comentei com o Ayrton que os sobrinhos tinham entupido a privada, porque estavam aprontando. E ele discutiu com as crianças. A irmã dele me disse com todas as letras: ‘Ele é um tricampeão mundial, não é homem para resolver problemas normais’. O Senna amou esse momento de poder exercer o papel de tio, de fazer algo comum. Ele falou isso para mim.”