Juan Freitas, filho do ex-boxeador Acelino “Popó” Freitas, falou sobre o processo de descoberta da sexualidade e de como contou à família. Aos 27 anos, ele relatou que entendeu sua orientação ainda na pré-adolescência, mas sentiu receio de conversar com o pai.
Segundo Juan, o medo de ser rejeitado o impediu de compartilhar a informação inicialmente. “Mesmo que eu nunca tenha visto nenhum tipo de homofobia dentro de casa, sabia que ser gay naquele mundo não era bem visto. Então, eu ficava com receio de contar e acabar sendo expulso de casa”, disse em entrevista ao portal Terra.
Ele explicou que o ambiente do boxe, marcado por uma masculinidade intensa, também contribuía para o medo. “Aquilo me assustou de início. Pra mim, sentir algo por um homem era uma ofensa para aquele mundinho, sabe?”, relatou.
A situação mudou aos 15 anos, quando Popó soube por terceiros e procurou o filho. “Na verdade, foi o contrário. O meu pai ligou para mim para perguntar se eu era [gay], porque contaram a ele. Inicialmente, eu não me assumi como gay, porque eu queria amenizar a situação. Falei que era bissexual, mas ele conversou comigo e foi muito acolhedor naquele momento. E foi aí que tudo mudou. Mudou no sentido de não precisar mais me esconder na frente de ninguém, principalmente dele”, contou.
Para Juan, o acolhimento do pai foi decisivo. “De conseguir ser eu mesmo dentro de casa. Imagina você não poder ser você mesmo na sua casa? Meu pai tirou o peso que estava nas minhas costas há muito tempo”, afirmou.
Apesar do acolhimento, ele destacou que o processo de aceitação foi gradual. “Nem sempre o processo de aceitação foi linear. Teve momentos em que ele questionava algumas coisas. Teve momentos em que ele falava algumas besteiras, mas eu sempre tive paciência para entender o lado dele. E ele sempre teve paciência para entender o meu lado, para respeitar o meu lado. E aí a gente foi se encaixando, e eu fui ajudando ele a entender e respeitar alguns processos que são meus, que são da minha vida”, explicou.
Hoje, Juan descreve a relação com Popó como de respeito e amor. “E, hoje, ele super me respeita. Hoje, ele sabe o profissional que eu sou. Ele sabe a pessoa que eu sou e que a minha sexualidade não intervém em nada disso. Minha mãe também foi similar a ele — no início, teve um pouco de resistência, mas depois foi se abrindo para minha situação.”
Ele também relembrou o momento que considera como o marco definitivo da aceitação por parte do pai: o primeiro término de namoro. “A primeira vez que eu tive o coração partido por um homem, ele foi super acolhedor comigo. Me pegou na casa da pessoa, me trouxe de volta, me deu colo, conselhos. E acho que, naquele momento, eu vi o quanto meu pai era apoiador e, independente da minha orientação sexual, me amaria. Aquilo foi bastante marcante”, concluiu.