O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira (10), ao chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), que pretende usar seu depoimento para apresentar vídeos e se defender das acusações de envolvimento em uma tentativa de golpe.
“Se me deixarem à vontade, posso falar por horas”, disse.
Bolsonaro é o sexto dos oito réus do chamado “núcleo crucial” investigado pela trama golpista a ser ouvido pela Primeira Turma do STF. Ele antecipou parte da estratégia que pretende adotar, mencionando que levará entre 11 e 12 vídeos de falas e atos públicos seus.
Segundo ele, o material comprovaria que não houve golpe. “O golpe não existiu”, declarou.
Durante a fala à imprensa, também criticou medidas tomadas durante seu governo, como a proibição de realizar lives no Palácio da Alvorada, e voltou a levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas, citando declarações antigas de políticos como Flávio Dino e Carlos Lupi sobre a necessidade do voto impresso.
Na véspera, os dois primeiros depoimentos foram colhidos. O coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, confirmou que o ex-presidente teve acesso e sugeriu mudanças à chamada “minuta do golpe”, um texto com medidas para anular o resultado das eleições de 2022.
Segundo Cid, Bolsonaro pediu a exclusão do trecho que previa prisão de várias autoridades, mas manteve o item que propunha a prisão do ministro Alexandre de Moraes.
O coronel ainda relatou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por um relatório crítico ao sistema eletrônico de votação. Questionado por Moraes, Cid afirmou que o ex-presidente queria um texto com tom “duro”.
O segundo a depor foi o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele disse que o documento com questionamentos ao resultado eleitoral era apenas um rascunho pessoal e negou envolvimento em ações contra as instituições. Também negou que a Abin tenha sido usada para monitorar autoridades.