Projeto que acelera recuperação de corais na Baía de Todos-os-Santos com plástico é destaque na França

Projeto que acelera recuperação de corais na Baía de Todos-os-Santos com plástico é destaque na França

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia

Divulgação

Publicado em 09/06/2025 às 10:20 / Leia em 4 minutos

A Bahia marcará presença na 3ª Conferência dos Oceanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece desta segunda (9) até sexta-feira (13), em Nice, na França, com uma iniciativa originada no coração da Baía de Todos-os-Santos: o Corais de Maré. Utilizando tecnologia inédita, o projeto faz uso de plástico e outros materiais para impulsionar o crescimento da espécie de coral Millepora alcicornis, já tendo promovido a regeneração de uma área de 7 mil m² no fundo do mar da região.

Idealizado pela Carbono 14 em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré (IPA), e patrocinado pela Braskem, o Corais de Maré alcançou, em três anos de operação, resultados expressivos na aceleração do crescimento vertical dos corais por meio do uso de polietileno.

“A estimativa de crescimento dos corais numa profundidade de cerca de 4,5 metros é de quatro centímetros ao ano. Com a nossa técnica de aceleração de crescimento, atingimos médias que variam de 10,8 a 7,8 centímetros em 167 dias, dependendo do material que utilizamos. Com o polietileno, por exemplo, uma colônia atingiu 15,5 cm em menos de 6 meses”, explica Igor Cruz, professor de Oceanografia Biológica do Instituto de Geociências da UFBA e integrante do projeto.

Além do polietileno, materiais como cerâmica e aço inox também são utilizados na restauração dos corais. “Eles não precisam crescer por deposição de carbonato de cálcio. Crescem sobre as hastes que colocamos, o que acelera muito seu desenvolvimento, consequentemente aumentando a complexidade estrutural dos recifes no local, que é fundamental para a manutenção da biodiversidade”, acrescenta Igor Cruz.

Desde sua criação, o Corais de Maré já transplantou 2.285 colônias de corais na Baía de Todos-os-Santos, sendo 685 delas entre 2024 e 2025. Os berçários do projeto também apresentam altos índices de sucesso. Mesmo diante da maior onda de calor da série histórica, registrada em 2024, apenas 185 das 667 colônias instaladas até maio do ano passado sofreram branqueamento, e apenas 19 não resistiram, resultando em uma taxa de mortalidade de apenas 3%. O índice de sucesso nos berçários é de 97%.

“Acredito no poder transformador da ciência e da inovação quando colocadas a serviço do meio ambiente e este projeto é a prova disso. Ao utilizar uma tecnologia inédita e sustentável, aliando materiais como o plástico de forma inteligente para acelerar o crescimento de corais na Baía de Todos-os-Santos, o Corais de Maré mostra como é possível unir desenvolvimento tecnológico e preservação ambiental“, afirma Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia.

Zé Pescador | Foto: Divulgação

De Ilha de Maré para a França

Unindo inovação, engajamento comunitário e compromisso com a preservação marinha, o Corais de Maré será apresentado na 3ª Conferência dos Oceanos da ONU, que tem como objetivo acelerar ações globais para a conservação e uso sustentável dos oceanos, como um exemplo inspirador de como soluções locais podem gerar impactos em escala global.

O projeto será apresentado ao embaixador dos polos e dos assuntos marítimos da França, Olivier Poivre d’Arvor, por José Roberto Caldas, CEO da Carbono 14 e idealizador da iniciativa, mais conhecido como Zé Pescador. “Nunca imaginei ser convidado pela embaixada francesa a participar da Conferência dos Oceanos, por causa do trabalho com o Corais de Maré. Fico feliz que as pessoas vejam o valor no que a gente está fazendo”, orgulha-se Zé Pescador.

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