Pesquisadores identificaram 36 espécies exóticas invasoras, que ameaçam o equilíbrio ambiental na Baía de Todos-os-Santos (BTS). Espécies como coral-sol, coral-mole, siri-bidu e peixe-leão são as que mais afetam os ecossistemas locais e têm impactos mais claros.
Uma força-tarefa formada por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (Sema) e da ONG Promar monitora a evolução dos organismos que não fazem parte da biodiversidade da região.
Segundo os pesquisadores, essas espécies colocam em risco a pesca artesanal, parte importante da economia, sobretudo para subsistência de pescadores e marisqueiras.
Tiago Porto, diretor de políticas e planejamento ambiental da Sema, explica que a introdução de espécies invasoras exóticas na Baía ocorre principalmente de forma acidental. Elas podem ser transportadas por navios ou plataformas de petróleo, por fixação nos cascos das embarcações ou por correntes marinhas.
Outras espécies, como os corais-azul e marrom, foram introduzidas pessoas que criam peixes, plantas e outros organismos aquáticos em aquários ou tanques, segundo o professor doutor Igor Cruz, da Ufba.
Os invasores
Duas espécies que mais colocam em risco espécies nativas e preocupam os pesquisadores são o coral-sol (Tubastraea spp.) e o coral-mole (Chromonephthea braziliensis). Ambos são organismos exóticos que se proliferam em diferentes pontos da Baía, como recifes rasos, naufrágios e até estruturas artificiais.
Os riscos do coral-sol são: libera substâncias químicas que prejudicam indivíduos de outras espécies que estejam em contato direto; cresce sobre rochas e esmaga corais nativos. Ocupa também locais onde normalmente cresceriam algas, esponjas e organismos que fazem parte da dieta dos peixes; e peixes deixam a região por falta de alimento. Isso impacta diretamente a pesca local.
Coral-mole: identificado recentemente na costa da Ilha de Itaparica, embora menos conhecido, também apresenta crescimento agressivo. “Em poucos meses, forma um tapete espesso que toma conta de toda a estrutura onde se instala”, contou o professor Igor Cruz.
O siri-bidu (Charybdis hellerii), um crustáceo originário da costa atlântica norte-americana, tem hábitos considerados vorazes e escavadores, destruindo manguezais.
Entre os riscos do siri, estão: a transmissão de doença para camarões, se alimentar da matéria orgânica e competir espécies nativas por alimento e abrigo.
Com espinhos venenosos e aparência chamativa, o peixe-leão (Pterois volitans) já foi encontrado na Baía. Sua população cresce rapidamente por conseguir gerar milhares de ovos e larvas. Na fase adulta ele pode alcançar até 47 cm com 18 espinhos venenosos.
Espécie invasora também pode ser perigosa para seres humanos que a toquem acidentalmente. A depender da quantidade de peçonha na pele do indivíduo, pode causar alterações de pressão arterial, parada cardíaca e infecção.
Quem avistar qualquer espécie invasora não deve matar ou retirar da Baía. É necessário entrar em contato pelo e-mail peld.bts@gmail.com.
As informações são do g1