Exposição em Salvador idealizada por mulheres negras reúne vivências em busca do resgate de suas culturas

Exposição em Salvador idealizada por mulheres negras reúne vivências em busca do resgate de suas culturas

Redação Alô Alô Bahia

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Divulgação

Publicado em 06/06/2025 às 19:33 / Leia em 3 minutos

O Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, da Câmara Municipal de Salvador, recebe a exposição, que reúne vivências de uma travessia vivida por quatro mulheres negras brasileiras e suas sensibilidades artísticas para construir um resgate e uma expansão de suas memórias com o tema: “Amazi: os olhos da travessia”.

As artistas Louise Queiroz, Larissa Fulana de Tal, Keila Gondim e Larissa Queiroz, explicam que a inspiração veio da inquietação com a palavra “Amazi”, frequentemente usada nos terreiros de candomblé de Nação Congo-Angola.

“Sempre achei essa palavra bonita e misteriosa. Nas minhas buscas, descobri que, no Kikongo, ‘água’ se diz ‘Maza’. A transformação para ‘Amazi’ veio da oralidade, da diáspora. Isso me fez querer resgatar o que se perdeu ou se transformou nesse processo”, relata Louise Queiroz quem foi a primeira a dar conotação ao projeto.

Segundo Louise, “As fotografias e poemas que compõem a exposição dialoga diretamente com a ancestralidade e pertencimento ao compreender o corpo negro em sua materialidade cotidiana como um corpo-arquivo, um território de memória e resistência.

Esses registros artísticos integram o projeto Amazi: os olhos da travessia, uma proposição poética que busca reconhecer e valorizar os vínculos sensíveis e históricos entre Brasil e África, através da escuta atenta e da imersão estética em espaços de vivência e ancestralidade, como as feiras e as ruas.”

A exposição é composta por caligramas, poemas e fotografias, uma fusão da literatura e da arte visual que se entrelaçam para contar histórias de ancestralidade e pertencimento. As fotografias, capturadas em Salvador e Luanda, revelam gestos, ruas e corpos que, mesmo distantes geograficamente, compartilham a ancestralidade viva e pulsante.

“Assim, as imagens não são somente um retrato, mas a inscrição visual de uma existência que carrega marcas de luta, saber e permanência — um corpo-documento, como propõe Beatriz Nascimento e que, em diálogo com Leda Maria Martins (2022), performa a memória em espirais de tempo e espaço.

Nesse sentido, a exposição enquadra-se da reparação simbólica, ao deslocar os registros fotográficos do olhar exótico ou antropológico tradicional, para um campo de afeto, dignidade e escuta. Essa exposição é parte de um gesto de arquivamento que não captura o outro, mas se reconhece com ele na partilha da travessia” explica.

Aberta na quinta-feira (5), a exposição permanecerá até a sexta-feira (6), com visitação das 9h às 17h, com bate-papo com a idealizadora e integrantes do projeto, das 17h às 18h.

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