Resistência ao trabalho presencial: profissionais pedem demissão para manter home office

Resistência ao trabalho presencial: profissionais pedem demissão para manter home office

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia com informações do g1

Freepik

Publicado em 03/06/2025 às 08:38 / Leia em 3 minutos

Com o aquecimento do mercado de trabalho e a queda nas ofertas de vagas em home office, cresce a resistência de profissionais ao retorno obrigatório aos escritórios. Em 2024, quase 8,5 milhões de trabalhadores no Brasil pediram demissão voluntária e os motivos vão além de salário: qualidade de vida, segurança e flexibilidade têm pesado mais na balança.

Uma pesquisa do Ministério do Trabalho, com 53.692 pessoas que deixaram seus empregos, revela que a volta ao trabalho presencial foi um fator decisivo para muitos. Deles, 21,7% citaram dificuldades de deslocamento entre casa e trabalho; 15,7% apontaram a falta de flexibilidade de jornada; e 9,1% mencionaram a necessidade de cuidar da família.

Outro levantamento global, realizado pela consultoria Gartner, mostra que 33% dos executivos forçados a retornar ao presencial pensam em pedir demissão.

A rejeição ao modelo 100% presencial não se deve apenas ao tempo gasto no deslocamento. Profissionais ouvidos em levantamento feito pelo g1 relataram medo de assaltos e da violência nos transportes públicos, incluindo assédio, especialmente entre mulheres (3 em cada 4 já sofreram assédio e 51% dos casos ocorreram em transporte coletivo, segundo o Ipec). Foram apontados ainda a falta de tempo para autocuidado, qualificação e convivência familiar; e a sensação de que passam mais tempo com colegas do que com os próprios filhos.

A lotação dos ônibus, trens e metrôs tem se intensificado com o retorno ao presencial. Ao mesmo tempo, 86% dos brasileiros se sentem inseguros nas ruas, segundo pesquisa do Datafolha.

Segundo a especialista em educação e trabalho Taís Targa, em conversa com o g1, a pandemia fez muitos profissionais repensarem o valor do tempo, da segurança e da presença na vida familiar. Isso deu força ao conceito de salário emocional, benefícios intangíveis como proximidade de casa, flexibilidade e saúde mental.

“A pandemia fez com que muitos profissionais repensassem suas carreiras e modo de vida. Quanto vale para você morar perto dos pais, ser presente na vida de seus filhos, almoçar uma comida caseira? Com esse retorno ao presencial abrupto e radical, vemos uma onda de pedidos de demissão por parte de profissionais que desejam continuar no remoto. Pior, o retorno a contragosto ao presencial pode resultar em insatisfação e queda na entrega”, afirma Taís.

Embora o home office tenha gerado ganhos de produtividade para muitos, grandes empresas como Amazon e Dell decidiram limitar ou proibir esse modelo. A justificativa é, em geral, a insegurança quanto à produtividade.

Dados da consultoria Mercer Brasil, com 365 profissionais de RH, mostram os principais entraves percebidos: 76% têm dúvidas sobre produtividade; 66% veem excesso de reuniões; 51% relatam dificuldade em acompanhar iniciantes; 61% dizem que liderar remotamente é um desafio; e 52% apontam impacto na cultura organizacional.

Ainda assim, a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) destaca que os problemas vêm, muitas vezes, de falhas internas, como lideranças despreparadas, falta de planejamento e modelos de gestão ultrapassados.

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