Uma foto recente de Léo, filho de Marília Mendonça e Murilo Huff, chamou atenção nas redes sociais. Aos cinco anos, o menino apareceu com um sensor no braço usado para monitorar os níveis de glicose. Diagnosticado com diabetes tipo 1 logo após a morte da cantora, em 2021, ele segue uma rotina de controle rígido da doença com apoio médico e alimentação personalizada.
Segundo o nutrólogo Dr. Neto Borghi, em entrevista à CARAS Brasil, o sensor utilizado por Léo é um dispositivo de monitoramento contínuo de glicose (CGM), aplicado sob a pele, geralmente no braço ou abdômen, que transmite dados em tempo real para um celular ou receptor.
“Ele transmite essas informações em tempo real para um aplicativo no celular ou receptor, permitindo o acompanhamento contínuo das variações de glicemia ao longo do dia, inclusive durante o sono e após as refeições. Isso melhora muito o controle da doença, ajudando a evitar tanto picos de glicose quanto quedas acentuadas”, explicou.
A doença que Léo enfrenta é autoimune e ocorre quando o sistema imunológico destrói as células beta do pâncreas, responsáveis por produzir insulina, hormônio que regula o açúcar no sangue.
“Sem insulina, a glicose não consegue entrar nas células para ser utilizada como energia, permanecendo elevada no sangue. Ao contrário do diabetes tipo 2, ele não está relacionado ao estilo de vida ou obesidade. Costuma se manifestar na infância ou adolescência, mas pode surgir em qualquer idade”, disse Borghi.
O médico reforça que a condição pode ser diagnosticada até mesmo em bebês e que os sinais clássicos incluem sede excessiva, urina frequente, perda de peso sem explicação, cansaço, irritabilidade e infecções de repetição.
“O diabetes tipo 1 pode ser diagnosticado em qualquer idade, inclusive em bebês. Já existem casos documentados em crianças com menos de dois anos”, afirmou.
Ruth Moreira, mãe de Marília Mendonça e uma das responsáveis pela criação de Léo, contou que teve que adaptar completamente a alimentação do neto.
“Ele não precisa tomar insulina, mas a glicose dele é controlada e a gente fica com a endocrinologista o tempo todo. A pediatra e a nutricionista também. Tive que aprender novas receitas no cardápio aqui de casa. Faço tudo low carb. Biscoitos, cookies, salgados, quiches, tudo do jeito que ele pode comer. Porque criança não consegue comer sempre a mesma coisa”, relatou.
Apesar dos avanços tecnológicos, o uso do sensor ainda enfrenta obstáculos. Borghi explica que, embora os benefícios sejam muitos, como reduzir as picadas no dedo e permitir ação imediata em casos de hipo ou hiperglicemia, há limitações, especialmente no acesso público.
“O custo elevado limita o uso na rede pública. Pode causar irritação ou desconforto no local de aplicação, e até ansiedade nos pais por conta do excesso de dados. Além disso, pode haver pequenas diferenças entre o valor medido no sensor e na glicemia capilar, principalmente em momentos de rápida variação”, pontuou.
Na suspeita da doença, exames como glicemia de jejum, hemoglobina glicada e dosagem de autoanticorpos ajudam no diagnóstico. Confirmado o quadro, o tratamento envolve insulina, alimentação com controle de carga glicêmica, prática de atividade física com acompanhamento, educação sobre o uso correto dos dispositivos e suporte multiprofissional.
“As principais recomendações incluem: controle glicêmico intensivo, com aplicações diárias de insulina ou bomba de infusão; acompanhamento nutricional especializado; prática de atividade física com orientação; educação em diabetes para pais e cuidadores; e acompanhamento com endocrinologista pediátrico, nutrólogo, nutricionista e apoio psicológico, se necessário”, concluiu o médico.