Histórias para dormir e apps: por que tanta gente, como Fátima Bernardes, está usando áudios para vencer a insônia?

Histórias para dormir e apps: por que tanta gente, como Fátima Bernardes, está usando áudios para vencer a insônia?

Redação Alô Alô Bahia

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Com informações do EXTRA

Reprodução / Redes sociais

Publicado em 29/05/2025 às 20:01 / Leia em 3 minutos

Há alguns dias, a jornalista Fátima Bernardes revelou que adota um ritual curioso para dormir: ouvir histórias em francês. Assim como ela, milhões de pessoas têm recorrido a recursos tecnológicos como aplicativos de meditação, áudios de mantras, sons da natureza e narrativas calmantes para tentar vencer a insônia — um dos distúrbios que mais afetam a saúde mental no mundo moderno. As informações são do Extra.

Para o neurocientista Roberto Costa-Oliveira, professor da Uniabeu, essa prática crescente reflete uma tentativa de desacelerar o cérebro em meio ao estresse e à hiperconexão da vida contemporânea. E, segundo ele, essa busca tem fundamento.

“Aplicativos baseados em terapia cognitivo-comportamental para insônia têm eficácia comprovada cientificamente. Eles ajudam a modificar hábitos e pensamentos que perpetuam as dificuldades para dormir, promovendo melhora significativa na qualidade e duração do sono”, explica.

Essas ferramentas digitais, lembra o especialista, não são apenas “muletas” tecnológicas, mas instrumentos terapêuticos genuínos.

“Elas oferecem uma alternativa acessível e podem ser até mais eficazes do que o uso isolado de medicamentos, especialmente em casos de insônia crônica.”

O uso de áudios relaxantes — como histórias, meditações ou sons ambientes — também tem respaldo. “Eles reduzem a ansiedade e os pensamentos acelerados, facilitando o início do sono. Estímulos auditivos suaves diminuem a ativação do sistema nervoso simpático, o que favorece o relaxamento”, afirma Roberto Costa.

Apesar de cada caso ser único, a dependência crescente desses estímulos para “desligar a mente” aponta para um problema maior: o cérebro está cada vez menos apto por si só a regular o sono frente a tantos fatores ambientais, psicológicos e comportamentais.

“Além do mais, a insônia cria um ciclo de ansiedade em torno do ato de dormir, que faz com que uma pessoa associe sono à necessidade de ajuda externa para, entre aspas, desligar a mente. Essa dependência é um reflexo da dificuldade crescente do cérebro em regular o sono de forma autônoma”.

O alerta é especialmente importante porque, quando a insônia se torna crônica, pode causar alterações estruturais no cérebro. “A privação de sono aumenta a atividade da amígdala, gerando ansiedade, prejudica a memória, o controle do estresse e até a remoção de proteínas associadas ao Alzheimer”, alerta.

A boa notícia é que há saída. A combinação entre terapia cognitivo-comportamental, rotina de sono regular, atividade física e controle de estresse é, segundo o especialista, o caminho mais eficaz e duradouro para restaurar o sono e a saúde cerebral.

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