A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, pode receber, em breve, o título de Cidadã Baiana. A homenagem foi proposta pelo deputado estadual Roberto Carlos (PV), que apresentou um projeto de resolução na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) para reconhecer a trajetória da líder indígena e sua atuação em defesa das comunidades originárias, especialmente no território baiano.
“Sônia Guajajara faz parte da história recente da luta pelos direitos indígenas e socioambientais no Brasil, e tem dedicado atenção especial à Bahia diante dos episódios de violência e disputas territoriais que afetam comunidades indígenas no estado”, justificou o parlamentar.
Nascida na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, Guajajara pertence ao povo Guajajara/Tentehar. Formada em Letras e Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema), com especialização em Educação Especial, ela superou barreiras desde cedo — filha de pais analfabetos, estudou com apoio da Funai em Minas Gerais e consolidou sua atuação como uma das principais lideranças indígenas do país.
Antes de assumir o cargo de ministra no governo Lula, Sônia acumulou uma série de feitos: foi coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), liderou a campanha internacional “Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais” e organizou a histórica Primeira Marcha das Mulheres Indígenas, em 2019. No campo político, integrou a primeira chapa presidencial com uma indígena no Brasil, em 2018, e foi eleita deputada federal por São Paulo em 2022.
A presença da ministra na Bahia tem sido constante. Em visita recente ao extremo sul do estado, ela participou do Marco de Resistência do Povo Pataxó e acompanhou de perto áreas marcadas por conflitos fundiários. Após registrar episódios de violência, Guajajara instituiu um gabinete de crise para acompanhar a situação.
“A Bahia é o segundo estado com maior população indígena do país, com ao menos 14 povos originários, como os Pataxó, Tupinambá, Kiriri e Tuxá. A atuação de Sônia Guajajara tem sido fundamental para dar visibilidade a essas comunidades”, destacou Roberto Carlos.
Segundo o deputado, a concessão do título de Cidadã Baiana é um reconhecimento “a quem tem contribuído efetivamente com o povo baiano, especialmente aqueles que mais precisam de atenção do Estado”.