De avô para neto: o legado do licor Roque Pinto que embala os festejos juninos

De avô para neto: o legado do licor Roque Pinto que embala os festejos juninos

Redação Alô Alô Bahia

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Correio

Reprodução/Instagram

Publicado em 29/05/2025 às 11:24 / Leia em 4 minutos

A proximidade do São João produz uma movimentação fora do comum em Cachoeira, cidade situada no Recôncavo Baiano. É na cidade histórica, considerada joia do Patrimônio Cultural Brasileiro, que há mais de um século uma família ergueu um pequeno império através do comércio de licores caseiros. Trata-se da família Pinto, que já atravessa três gerações sendo um dos principais responsáveis pela aglomeração de pessoas na Rua Rodrigo Brandão entre os meses de maio e julho.

A história de empreendedorismo na família começou quando esse nome sequer era cogitado para classificar a vocação de vendedor de Francisco Pinto, considerado um homem boa praça, sempre atento aos clientes. No casarão em que eram comercializados seus produtos tinha um pouco de tudo: charuto, fogos de artifício e vinagre de cana. Para os mais chegados, tinha também doses de licor de jenipapo e maracujá.

Foto: Divulgação

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A partir dos anos 50, depois que Francisco faleceu, quem ficou responsável por tocar o negócio foi Roque Pinto. Seguindo o legado do pai, ele passou a mimar os clientes com cada vez mais doses de licor. A família chegou a dizer, em entrevista ao CORREIO no ano passado, que a generosidade dele era tão grande que, de 100 licores produzidos, 50 eram retirados das prateleiras para presentear quem quer que fosse.

O agrado alcançou não apenas os moradores de Cachoeira. Quem bebia a pequena dose adocicada espalhava histórias sobre o sabor que ia além dos limites da cidade e, em um determinado momento, mais longe dos limites do país. Com isso, a produção da família ganhou grife e se expandiu.

O casarão então passou a se chamar O Oceano e Roque Pinto se tornou o embaixador do licor de Cachoeira. Não seria exagerado afirmar, inclusive, que foi o legado da família Pinto o principal responsável pela fama de capital do licor que o município carrega. Não à toa, esse comércio se expandiu – em 2024, ano dos dados mais recentes, havia 15 fábricas da bebida na cidade –, mas até hoje é administrado por um integrante da família, que comanda a Associação dos Produtores de Licor de Cachoeira.

O representante do negócio nesta terceira geração é Rosival Pinto. Ele foi o escolhido de Roque dentre os nove filhos que teve, porque ajudava o avô no trabalho desde quando era criança. Eleito o mais responsável dos pupilos, Rosival tinha o sonho de seguir a carreira militar, mas caiu em uma armadilha criada pelo próprio pai.

“Eu tinha marcado com os meus amigos para me alistar, mas ao me despertar, vi que estava fora do horário. Me perguntei por que ninguém naquela casa tinha me acordado. Ao abrir a porta do meu quarto, lá estava o meu pai de pé”, lembrou ele em entrevista ao CORREIO no ano passado.

Roque Pinto tinha planejado tudo. Mais tarde, em uma conversa à mesa, ele disse ao então filho adolescente que não o acordou porque tinha uma missão maior para ele. “Meu pai disse que não sabia até quando poderia tocar os negócios e me passou todos os pontos positivos de estar à frente da empresa. Eu não disse nada, apenas fiquei calado”, complementou.

Hoje com 64 anos, Rosival já aceitou seu destino de bom grado e ajuda a manter o pequeno império da família. E, neste caso, o império é de riqueza simbólica, porque nem mesmo a fama afastou a generosidade do negócio. Os licores Roque Pinto ainda custam menos do que licores com menos tradição, variando de R$ 34,99 a R$ 49,99, o que mantém a lealdade e o sucesso com a clientela.

O segredo para a longevidade da marca é explicado pela qualidade. A bebida, que é feita com aguardente, extrato de frutas e, em alguns casos, leite condensado, tem o sabor comprovado por aqueles que experimentam. E são muitos. Em anos que o São João atrai muitos turistas, a marca Roque Pinto vende, somente nos meses de abril, maio e junho, 100 mil litros de licor, gerando cerca de 60 postos de trabalho temporários e diretos. Os indiretos, por sua vez, correspondem a mais de 100.


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