A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, repudiou nesta terça-feira (27) os ataques sofridos pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado. Para Márcia, o episódio é “grave, lamentável e, além de tudo, misógino”.
A titular do Meio Ambiente abandonou a sessão após ser alvo de falas consideradas ofensivas e desrespeitosas por parte de senadores, entre eles Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO).
Em nota, Márcia Lopes afirmou que Marina foi “desrespeitada e agredida como mulher e como ministra”, e relembrou outro episódio ocorrido em março, quando o senador Plínio Valério disse, publicamente, que tinha vontade de “enforcar” Marina Silva — declaração que na época gerou forte repercussão e foi duramente criticada.
“É um episódio muito grave e lamentável, além de misógino. Toda a minha solidariedade e apoio à Marina Silva, liderança política respeitada e uma referência em todo o mundo na pauta do meio ambiente. É preciso que haja retratação do que foi dito naquele espaço e que haja responsabilização, para que isso não se repita”, destacou a ministra das Mulheres.
Nota do Ministério das Mulheres
“O Ministério das Mulheres vem a público manifestar solidariedade à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, pelo episódio inaceitável de violência política de gênero e raça vivenciado na manhã desta terça-feira (27) durante audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal.
Referência internacional na defesa do meio ambiente e dos direitos humanos, Marina Silva foi desrespeitada enquanto ministra, mulher, negra e amazônida. O episódio reflete, mais uma vez, a persistência de uma estrutura de poder historicamente marcada pelo machismo, pelo racismo e pela negação da presença das mulheres — especialmente as mulheres negras e indígenas — nos espaços de decisão.
Lamentavelmente, o que vimos hoje não se trata de um caso isolado. A violência política de gênero e raça é uma grave violação dos direitos humanos das mulheres que compromete a democracia e atinge todas as mulheres que ousam ocupar lugares de poder e fala. Não se restringe às mulheres que exercem mandatos ou que são candidatas, atingindo também mulheres que são dirigentes partidárias, lideranças de movimentos sociais e sindicais, ativistas sociais, defensoras dos direitos humanos, jornalistas e influencers digitais.
O Ministério das Mulheres reafirma seu compromisso inabalável com o fortalecimento de mecanismos de prevenção, responsabilização e enfrentamento da violência política de gênero e raça, conforme previsto na legislação brasileira. Recentemente, estivemos presente no ato pelo fim da violência contra as mulheres realizado na Câmara dos Deputados, reiterando a urgência de ações para garantir a participação plena das mulheres na vida pública considerando toda sua diversidade e pluralidade.
Nossa democracia só será plena quando as mulheres poderem exercer suas funções e mandatos em todas as esferas dos Poderes da República livres de violência, de deslegitimação e silenciamento. Toda mulher tem o direito de exercer sua função pública sem ser alvo de ataques que tentem desqualificá-la por sua condição de gênero, raça ou origem.
À ministra Marina Silva, nossa solidariedade, respeito e apoio. Sua presença e voz seguem sendo indispensáveis para o Brasil que estamos construindo: mais justo, inclusivo e democrático.”