Jovem se forma em Direito e defende mãe acusada de homicídio 12 anos após o crime na Bahia; mulher é absolvida

Jovem se forma em Direito e defende mãe acusada de homicídio 12 anos após o crime na Bahia; mulher é absolvida

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

José Mion/Alô Alô Bahia com informações do g1

Arquivo pessoal via g1

Publicado em 22/05/2025 às 09:14 / Leia em 3 minutos

A baiana Camila Pita, de 27 anos, viu sua vida mudar completamente aos 14, quando sua mãe, a administradora Rosália Maria, foi acusada de homicídio. Doze anos depois, Camila retornou ao tribunal, desta vez como advogada de defesa da própria mãe e testemunhou sua absolvição.

O caso aconteceu em março de 2012, na cidade de Valença, no baixo sul da Bahia. Na época, Camila tinha acabado de iniciar o Ensino Médio quando acordou com policiais batendo à porta de casa. “Pensei que ela tinha morrido, entrei em desespero”, relembrou, em entrevista ao g1.

Rosália havia passado a noite com o então namorado, José Antônio Silva, que foi encontrado morto dentro de um carro. Ela era a única testemunha do ocorrido. Segundo a família, o casal estava em processo de separação, que não era aceito por José Antônio.

Naquele mesmo dia, Rosália foi ouvida como testemunha e, posteriormente, passou a ser tratada como suspeita. O Ministério Público a denunciou por homicídio qualificado, dando início a um processo que se arrastaria por mais de uma década, marcado por sucessivos adiamentos e recursos.

Enquanto o caso seguia na Justiça, Camila crescia determinada a compreender cada etapa do processo. Ainda no colégio, começou a estudar os autos e fazer perguntas aos advogados. Quando chegou o momento do vestibular, não teve dúvidas: queria cursar Direito, com foco em Direito Penal.

A princípio, seu objetivo não era atuar diretamente no caso da mãe, mas entender melhor o funcionamento da Justiça. “Eu queria ser delegada, porque acreditava que havia sido um erro de investigação, mas assisti a um júri e fiquei encantada. Era uma advogada mulher, jovem, muito parecida comigo. Depois disso, decidi que iria seguir esse caminho”, disse.

Camila se formou em 2021 e, desde então, atuou em diversos júris para ganhar experiência. Em novembro de 2024, assumiu o mais desafiador deles: compôs o time de sete advogadas responsáveis pela defesa de Rosália Maria, no julgamento realizado no Fórum de Valença.

“Eu não fiquei mais nervosa, pelo contrário, me senti mais tranquila por estar ali naquela posição. Eu sabia que poderia fazer algo para mudar aquela situação”, afirma.

O júri popular começou às 8h da manhã e se estendeu até 1h da madrugada do dia seguinte. A cidade parou: comércios fecharam as portas e a população compareceu em peso para acompanhar o desfecho do caso.

Após 12 anos, veio a decisão aguardada: Rosália foi absolvida. Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia, os jurados entenderam que não havia provas materiais do crime, ou seja, não ficou comprovado que o homicídio ocorreu. Como a materialidade é o primeiro quesito analisado pelo júri, a ausência dela encerra automaticamente o julgamento, sem necessidade de discutir autoria.

Com a absolvição e a ausência de recursos, o processo foi oficialmente encerrado. “Eu acreditava muito, mas mesmo assim fiquei muito nervosa na espera do resultado. Fiquei muito aliviada com a decisão”, relatou Camila.

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