O documentário brasileiro “Eu Ouvi o Chamado: O Retorno dos Mantos Tupinambá”, dirigido por Robson Dias, Myrza Muniz e Célia Tupinambá, foi premiado na seção “Docs-in-Progress” do festival de Cannes. Considerado um dos principais festivais do cinema mundial, o evento acontece até este sábado (24).
O filme narra a jornada da artista visual e antropóloga Célia Tupinambá, importante liderança indígena, em sua missão espiritual pelos museus europeus. Seu objetivo era acessar mantos sagrados de seu povo, considerados ancestrais vivos e dispersos desde a época colonial.
Conheça a história
O filme “Eu Ouvi o Chamado: O Retorno dos Mantos Tupinambá” acompanha Célia Tupinambá, filha de um Pajé Tupinambá da Serra do Padeiro, Sul da Bahia, importante liderança na luta pelos direitos indígenas. Após uma prisão política infundada com seu filho nos braços, ela aprofunda sua pesquisa sobre o passado de seu povo e, ao pesquisar sobre artefatos que foram levados durante a colonização, encontra registros dos antigos Mantos Tupinambá.
Levados há mais de 400 anos, os Mantos cruzaram o oceano atlântico e hoje estão na França, Inglaterra, Holanda, Dinamarca, Bélgica e Itália. A líder indígena, então, sai da aldeia com o propósito de conseguir acessar os antigos Mantos sagrados que o mundo vê como peças de arte. Na missão de acessá-los, vai para o Rio de Janeiro cursar o Mestrado em Antropologia no Museu Nacional.
Avançando em sua missão, a brasileira é convidada pelos museus europeus detentores dos antigos Mantos, que necessitam da sua validação e conhecimentos. Em 2021, Célia e seu irmão Babau escreveram uma carta oficial solicitando ao Museu dinamarquês o retorno do Manto. Dois anos depois, o Governo Holandês oficializou o retorno de um Manto antigo, em 2024.