Cinema negro em destaque em Cannes: APAN apresenta campanha por reparação histórica e diversidade

Cinema negro em destaque em Cannes: APAN apresenta campanha por reparação histórica e diversidade

Redação Alô Alô Bahia

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Divulgação

Publicado em 22/05/2025 às 16:35 / Leia em 4 minutos

Pela primeira vez, a presença negra brasileira no Festival de Cannes foi marcada por uma ação coletiva articulada. A APAN (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro) levou ao maior palco do cinema mundial a campanha “Cinema Negro é Cinema Brasileiro”, iniciativa inédita que reafirma o compromisso da entidade com a Reparação Histórica e com a defesa da ampliação das políticas públicas voltadas à diversidade no audiovisual.

Com 21 associados presentes em diferentes atividades da programação, incluindo exibições, painéis, rodadas de negócio e encontros internacionais, a ação da APAN ecoou um posicionamento político claro e urgente. Em um contexto global de avanço de discursos antidemocráticos e de ataque à diversidade, a entidade mobilizou suas redes e talentos para reafirmar que a pluralidade é o coração do cinema brasileiro.

“A ação deste ano em Cannes é um chamado à indústria, festivais e políticas públicas, dando um recado importante ao público e reafirmando a importância da diversidade que faz do Brasil um país de referência na defesa dos valores democráticos, plurais e antirracistas”, afirmou Keyti Souza, diretora administrativa da APAN.

A campanha “Cinema Negro é Cinema Brasileiro” se materializou com a exibição de um vídeo manifesto que abre falas de associados no festival. Com linguagem potente e coletiva, reunindo imagens de filmes negros e indígenas, o vídeo apresenta a Reparação Histórica como um compromisso urgente do setor e denuncia os apagamentos que ainda marcam o audiovisual no Brasil. A ação está conectada à pauta da Reparação Histórica discutida em diversas instâncias nacionais e internacionais, como a ONU, OEA e o Fórum Permanente da População Afrodescendente.

Durante o Festival de Cannes, diversos associados da APAN apresentaram projetos e obras que dialogam diretamente com o compromisso político da entidade e também marcaram presença em atividades de formação, exibição, rodadas e articulação internacional e compartilharam também projetos futuros que serão lançados ao longo do ano, sinalizando a potência do audiovisual negro brasileiro na cena global.

Marché du Film

  • “Anna en Passant”, roteiro e direção de Fernanda Salgado (MG). Longa-metragem de animação em fase de pós-produção;
  • “Tempestade Ninja”, roteiro e direção de Higor Gomes. Produtora: Ponta de Anzol. Longa-metragem em fase de desenvolvimento;
  • “Criadas”, roteiro e direção Carol Rodrigues (SP). Produtoras: Gato do Parque e Volta Filmes. Parceria e co-produção: Telecine e Canal Brasil;
  • “Não estamos sonhando”, de Ulisses Artur (AL). Produtora: Céu Vermelho Fogo Filmes;
  • Distribuidora Fistaile, de Talita Arruda (BA).

CannesDocs

  • “El vol de la Cigonya”, Matheus Mello, uma co-produção Catalana-Catariana;
  • “Eu Ouvi o Chamado: Retorno dos Mantos Tupinambá”, direção de Myzra Muniz e Robson Dias em parceria com Célia Tupinambá.

AfroCannes

“Meu Pai e a Praia”, de Emerson Dindo

Estiveram presentes nos painéis: Viviane Ferreira (BA), Keyti Souza (BA), Bethânia Maia (DF), Chica Andrade e Juliana Vicente (SP), da Preta Portê Filmes, que participou com os filmes “Cores de Maio” e “Construindo a Rainha”, ambos com direção sua e produção executiva de Diana Costa. Juliana também dividiu mesa com Keyti em uma discussão sobre coprodução com a África do Sul e foi destaque como “Spotlight Producer” no Producers Network.

A campanha “Cinema Negro é Cinema Brasileiro” parte de um princípio inegociável: não existe cinema brasileiro sem o protagonismo de seus povos originários e da população negra. “Na trajetória do Brasil, os povos indígena e negro tiveram suas culturas, crenças e saberes apagados e desacreditados. ‘Isso é coisa de preto’, diziam. ‘Isso é coisa de indígena’, falavam. Como se estar associado às nossas identidades tornasse tudo menor, menos digno. […], Mas com luta e resistência, os tempos mudaram”, defende a campanha.

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