A morte do médium Divaldo Franco, na última terça-feira (13), levantou questionamentos sobre quem ocupará o espaço de maior referência do espiritismo no Brasil. Para os principais nomes do movimento, no entanto, não existe sucessão possível, nem alguém que se aproxime de seu legado.
Presidente da Mansão do Caminho, obra social fundada por Divaldo, em Salvador, Mário Sérgio Almeida é categórico. “Não existe uma sucessão. Não temos ninguém nem parecido com o Divaldo Franco. Nem sombra do que ele foi. Mas a obra continua”, disse ele em entrevista ao Correio.
Diferentemente de outras religiões, o espiritismo não possui hierarquia formal. Não há uma figura máxima ou estrutura institucional que defina quem ocupa posições de liderança. A organização dos centros espíritas é geralmente horizontal, sendo liderada por fundadores ou membros mais experientes.
Divaldo Franco, ao lado de Nilson de Souza Pereira, criou em 1947 o Centro Espírita Caminho da Redenção e, em 1952, a Mansão do Caminho. Sua trajetória o consolidou como um dos maiores nomes do espiritismo contemporâneo, especialmente após a morte de Chico Xavier, em 2002.
“Ele foi o último dos grandes médiuns existentes no mundo. No futuro, outros espíritos poderão surgir para continuar orientando a humanidade”, afirma Mário Sérgio. A crença na reencarnação é central para a doutrina.
Segundo Leonardo Machado, diretor do núcleo de psiquiatria da Mansão, espíritos mais evoluídos podem retornar como missionários com papel orientador: “Acreditamos que temos múltiplas existências. Espíritos que atingem um grau elevado podem reencarnar com tarefas específicas”.
A ausência de uma figura substituta, no entanto, não impede que novos líderes espirituais surjam com o tempo, como aponta Mário Sérgio. Segundo ele, o que define alguém como referência são fatores como forte presença oratória, atuação social e capacidade de mobilizar seguidores.