Protagonista do filme “O Agente Secreto”, novo longa de Kleber Mendonça Filho que representa o Brasil no Festival de Cannes 2025, Wagner Moura não esconde sua satisfação em voltar a estrelar uma produção brasileira. Em entrevista à revista Vanity Fair, o ator baiano falou sobre a importância do novo projeto para a sua carreira.
“Significou muito pra mim simplesmente atuar e dizer coisas em português de novo, me reconectar com essa cultura. Eu nem consigo descrever o quanto isso foi importante pra mim (…) O Javier Bardem disse uma coisa uma vez que eu adoro: ele trabalha em inglês como se houvesse um grande escritório no cérebro dele, cheio de coisas acontecendo, e quando trabalha em espanhol, o escritório está vazio. É uma metáfora ótima. Eu não falava inglês quando era criança; tive que aprender. Mesmo quando trabalho em espanhol, é diferente, sabe? O português é minha língua materna. É a cultura também. Esse filme especificamente foi tudo ao mesmo tempo. Fiquei tão feliz”, afirmou.
Na ocasião, Wagner explicou que o cenário político o deixou desanimado para voltar a atuar em um filme em seu país de origem. “Estive fazendo coisas fora e não estava empolgado com nada do que estava acontecendo no Brasil durante o governo Bolsonaro. Nada estava acontecendo (…) Bolsonaro fez o que todos os autocratas fazem: atacou as universidades, os jornalistas e o setor cultural. Eu dirigi um filme em 2018, ‘Marighella’, e ele foi censurado no Brasil. Foi uma loucura. Só consegui lançar o filme lá em 2021”, relembrou. “Existem outros cineastas que me animam, mas não muitos, pra ser honesto. Eu comecei a me preocupar com esse hiato geracional: será que eu conheço os jovens cineastas brasileiros que estão fazendo coisas? Será que eles têm interesse em trabalhar comigo? Passei por tudo isso”, completou.