O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu anunciou que não participará do Conclave que elegerá o novo Papa, previsto para começar na próxima quarta-feira, 7 de maio. A decisão foi comunicada oficialmente na segunda-feira (28), em uma declaração na qual Becciu afirma que atendeu a um pedido direto do Papa Francisco.
“Tendo em mente o bem da Igreja, que servi e continuarei a servir com fidelidade e amor, bem como contribuir à comunhão e à serenidade do Conclave, decidi obedecer, como sempre fiz, à vontade do Papa Francisco de não entrar em Conclave, permanecendo convencido de minha inocência”, declarou.
A exclusão do religioso acontece em meio a um dos episódios mais controversos do Vaticano nos últimos anos. Em dezembro de 2023, Becciu foi condenado pelo Tribunal do Vaticano a cinco anos e meio de prisão por peculato e abuso de poder, além da inabilitação perpétua para cargos públicos. Ele recorreu da decisão e permanece em liberdade.
A investigação envolve a compra de um imóvel de luxo em Londres, em 2014, por mais de US$ 200 milhões. Parte do valor teria vindo de recursos destinados a obras de caridade. Na época, Becciu era o chefe de gabinete do Papa e teria assinado o acordo de aquisição. O cardeal também é acusado de desviar dinheiro para beneficiar sua diocese natal na Sardenha e familiares.
Becciu havia renunciado aos direitos ligados ao cardinalato em 2020, a pedido do Papa. No entanto, após a morte de Francisco, ele alegou que teria direito vitalício ao posto e chegou a viajar a Roma para participar do Conclave. A tentativa foi frustrada por dois documentos assinados por Francisco, apresentados a ele pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé. Um dos textos data de 2023, e o outro, de março deste ano.
Antigo conselheiro próximo de Francisco, Becciu chegou a ser apontado como possível sucessor do pontífice. Sua trajetória, no entanto, foi marcada por quedas bruscas de prestígio após os escândalos financeiros.