Mineiro de Uberlândia, nascido em uma época em que a vida girava em torno da tradição rural, Edinho Engel cresceu entre pamonhas feitas em casa, galinhadas em família e verduras colhidas no quintal. Daquela infância de interior, onde maçã verde era artigo raro, trouxe muito mais do que memórias: construiu um entendimento genuíno sobre a importância dos encontros à mesa, dos sabores honestos e do acolhimento sincero. Essa trajetória pessoal e profissional culminou na criação do restaurante Amado, em Salvador — hoje um dos principais endereços gastronômicos da cidade, recentemente incluído na lista dos 100 melhores do país pela revista Exame.
Nesta quinta-feira (1), Edinho Engel comemora 70 anos com festa na capital baiana. Quase dois terços deste tempo de vida foram dedicados à gastronomia e ao bem-servir. “A gente tem que estar sempre três passos à frente do cliente. Quando a gente passa dez passos à frente, às vezes a gente não é entendido. Eu acho que essa coisa de acertar vem um pouco desse posicionamento, quer dizer, de manter uma coisa que as pessoas compreendam, aceitem, com bossa, com charme, com elegância, com determinação e formando uma equipe”, declarou em entrevista ao Alô Alô Bahia.

Restaurante Amado, em Salvador
Antes de ser um dos grandes nomes da cozinha brasileira, Edinho trilhou caminhos diversos. Formou-se em Ciências Sociais em São Paulo e foi no litoral paulista que descobriu sua verdadeira vocação: criar espaços de encontro, de afeto e de comida boa. Foi assim que nasceu o restaurante Manacá, em Camburi, em 1989 — um desafio ousado para a época, ao erguer um espaço sofisticado e acolhedor “no meio do mato”, longe dos grandes centros urbanos.
Visionário, sempre entendeu que cozinhar era mais do que uma técnica: era construir um jeito próprio de fazer e de ser. Ele se define como “restaurateur” — alguém que imprime ritmo, que forma equipes, que lidera com paixão. “Sozinho a gente não faz nada. Precisa de uma equipe”, repete ele, como mantra.

Restaurante Amado
No início dos anos 2000, a Bahia — velha conhecida de tantas férias em família — virou casa. Em Salvador, ao lado da esposa Wanda e da filha Julia, Edinho encontrou não só a inspiração que precisava, mas também o cenário perfeito para sonhar ainda mais alto. De frente para a Baía de Todos-os-Santos, nasceu o Amado, restaurante que rapidamente se tornou referência na cidade e no país, um ponto de encontro para quem busca excelência, charme e autenticidade à beira-mar.

Edinho Engel e Flávio Bandeira
Mais do que manter-se relevante, Edinho sempre buscou se reinventar. Ao perceber que o tempo exigia novas estratégias, buscou consultorias, montou um time forte e formou novos líderes. Hoje, ao lado do sócio Flávio Bandeira, conduz o Amado com visão de futuro, preparando a marca para ganhar novos voos: “Queremos que o Amado dure muitos e muitos anos”, afirma.
O primeiro passo já está sendo dado. Ainda este ano, o chef promete inaugurar o Amado Salvador, uma versão mais compacta e acessível do restaurante, que abrirá no Salvador Shopping. O novo projeto quer trazer a mesma essência do Amado original, adaptada ao estilo de vida contemporâneo e ao movimento dos shoppings, que pedem cada vez mais experiências gastronômicas autênticas e charmosas.

Restaurante Amado
Celebrar os 70 anos de Edinho Engel é, sobretudo, celebrar uma vida de inquietude criativa, de amor pela comida e pelas pessoas. É a história de quem sempre soube que sucesso não se mede apenas pelo número de pratos servidos, mas pela capacidade de acolher, de surpreender e de transformar cada refeição em um gesto de carinho.
E, como ele próprio gosta de lembrar: “A gente faz serviço, e serviço é servir”.