Ícone da cobertura de temas relacionados ao Vaticano, Ilze Scamparini relembrou neste sábado (26) um momento marcante vivido com o Papa Francisco, que faleceu no último dia 21 de abril, em decorrência de um AVC, seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível. Em 2013, a jornalista perguntou ao pontífice sobre a posição da Igreja Católica em relação à comunidade LGBT+. “Quem sou eu para julgar?”, respondeu o, então, Santo Padre. “Doze anos se passaram. Quando me transporto para aquela cena no avião, ainda sinto um impacto no meu sistema nervoso daquela fala do Papa (…) Muitos progressistas gostaram dessa fala, mas os ultraconservadores, nem tanto”, afirmou Ilze.
O episódio ocorreu durante uma viagem papal. Na ocasião, Ilze aguardava, com os demais colegas jornalistas, sua vez de falar com o Papa. A entrevista, no entanto, foi encerrada pelo porta-voz do Vaticano antes que ela fosse chamada, porém, o próprio Francisco pediu que ela pudesse falar. “Num gesto, me chamou. Eu fui lá na frente, onde ele estava, e peguei o microfone. Antes de perguntar, pedi licença ao papa para tocar num assunto delicado. Ele consentiu com a cabeça, bem sério (…) Quando fiz a pergunta, Francisco ficou bastante embaraçado, um pouco nervoso. Essa foi a minha impressão. Era a primeira vez que alguém perguntava a um papa sobre gays (…) Depois, ele foi fazendo sua reflexão, e então veio a frase, criando um antes e depois, ‘Quem sou eu para julgar?’. Isso dito por uma igreja que sempre julgou de uma maneira impiedosa”, relembrou Scamparini,
Segundo Ilze, este foi um dos momentos mais marcantes de sua trajetória profissional, tendo em vista a grande repercussão gerada pelo pronunciamento: “Oito ou nove horas depois, a gente pousou em Ciampino, em Roma. A confusão estava armada e começou então um debate na igreja que até hoje não terminou.”