O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió (AL), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar o início do cumprimento da pena de 8 anos e 10 meses de prisão. A decisão rejeitou os últimos recursos apresentados pela defesa no caso que envolve corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato.
A detenção ocorreu no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, quando Collor se preparava para embarcar rumo a Brasília. Segundo a defesa, o ex-presidente viajava para se apresentar espontaneamente à Justiça, como determina a decisão de Moraes. O despacho também autoriza a emissão do atestado de pena a cumprir pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.
Com isso, Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro preso desde a redemocratização. Antes dele, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer também foram detidos, porém em circunstâncias diferentes — Lula cumpriu pena após condenação em segunda instância e Temer teve prisão preventiva decretada por suspeitas de corrupção relacionadas a Angra 3.
Condenação
Collor foi condenado pelo STF em 2023, acusado de receber cerca de R$ 20 milhões em propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, entre 2010 e 2014. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, os valores foram pagos pela UTC Engenharia para facilitar a celebração de contratos com a estatal. Também foram condenados os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos.
Collor já havia enfrentado uma renúncia à Presidência em 1992, em meio a escândalos de corrupção. Mesmo assim, voltou à vida política como senador por Alagoas.
Ex-presidentes presos
Lula foi preso em abril de 2018 por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em processo relacionado ao triplex do Guarujá, também no âmbito da Lava Jato. Em 2021, o Supremo anulou as condenações, alegando que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgá-lo.
Michel Temer, por sua vez, foi alvo de prisão preventiva em 2019, no desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A ordem foi expedida com base em delações sobre propinas ligadas a contratos da usina nuclear de Angra 3. Ele foi solto dias depois por decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.