A religiosa que emocionou o mundo ao quebrar o protocolo durante o velório do papa Francisco é a freira Geneviève Jeanningros, de 81 anos. Integrante da fraternidade Irmãzinhas de Jesus, ela comanda um projeto social voltado ao acolhimento de minorias em Roma e vive em um trailer na periferia da capital italiana.
Na manhã da quarta-feira (24), pouco após o corpo do pontífice ser colocado na Basílica de São Pedro, Geneviève foi conduzida, com auxílio de um segurança, até o cordão de isolamento que circunda o caixão. Carregando uma mochila verde e visivelmente emocionada, ela permaneceu alguns minutos diante do corpo do papa, levando a mão ao rosto em alguns momentos e chorando discretamente a perda do amigo.
Genevieve Jeanningros, la monja amiga del Papa, llora ante su féretro https://t.co/A1AJ2oFYKi pic.twitter.com/rviK1UGY40
— Europa Press TV (@europapress_tv) April 23, 2025
Segundo o Vatican News, o laço entre Geneviève e o papa Francisco é antigo. Ela escreveu uma carta ao pontífice logo após sua eleição, relatando a história de uma tia missionária que desapareceu durante a chamada “Guerra Suja” na Argentina. Desde então, os dois mantiveram correspondência frequente. Em uma audiência com artistas de rua, Francisco chegou a desejar publicamente feliz aniversário à freira.
Geneviève também organizou encontros simbólicos com o papa. Em uma dessas ocasiões, levou a Roma familiares de um médico norte-americano que teve o funeral católico negado por ser homossexual e vítima da pandemia de Covid-19.
Em junho de 2024, participou de uma audiência com Francisco junto a um grupo formado por homossexuais, transexuais, catequistas e representantes da Pastoral Carcerária. “Não perguntei nada a eles sobre sua orientação sexual. Isso não importa para mim”, afirmou à época.
“O que importa para a irmã Geneviève é ‘ir aonde a Igreja tem mais dificuldade de ir’, conforme desejava Charles de Foucauld”, destacou o Vatican News, em referência ao fundador da fraternidade à qual ela pertence e cuja missão é viver entre os mais marginalizados da sociedade.

Foto: Vatican News
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Além da troca de cartas, a freira costumava também levar empanadas preparadas pelas argentinas para Francisco.
A Santa Sé relatou que a religiosa ia à Praça São Pedro todas as quartas-feiras para cumprimentar o pontífice e fazê-lo encontrar alguns grupos de pessoas.
São muitos os que passaram por lá para receber a benção do líder da Igreja Católica, graças a ela, nos últimos anos: nômades, ciganos, circenses, transgêneros, homossexuais, casais de vários tipos.