Vida fora da Terra? Telescópio detecta gases ligados a processos biológicos em planeta fora do Sistema Solar

Vida fora da Terra? Telescópio detecta gases ligados a processos biológicos em planeta fora do Sistema Solar

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Universidade de Cambridge

Publicado em 17/04/2025 às 08:30 / Leia em 2 minutos

Um planeta localizado a 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão, voltou ao centro das atenções após novas observações do telescópio James Webb. Cientistas da Universidade de Cambridge detectaram na atmosfera de K2-18 b dois gases, dimetil sulfeto (DMS) e dissulfeto de dimetila (DMDS), que, na Terra, só são produzidos por organismos vivos, principalmente fitoplâncton.

A descoberta foi publicada no Astrophysical Journal, nessa quarta-feira (16), e reforça a possibilidade de que esse exoplaneta abrigue vida microbiana.

Apesar do entusiasmo, os próprios pesquisadores afirmam que ainda é cedo para confirmar a existência de vida. Os dados obtidos têm 99,7% de confiabilidade estatística, o que ainda exige novas observações para afastar qualquer chance de erro.

“É um grande ‘se’ os dados estarem mesmo apontando para vida”, disse o astrofísico Nikku Madhusudhan, que lidera o estudo, ao The New York Times. Ele destaca que ainda é necessário descartar a hipótese de esses gases terem origem não biológica.

K2-18 b pertence à categoria dos “sub-Netunos” e é 2,6 vezes maior que a Terra. Está na chamada zona habitável de sua estrela, o que indica a possível existência de água líquida. O planeta também reúne características dos chamados “mundos hycean”, cobertos por oceanos quentes e com atmosfera rica em hidrogênio, considerados candidatos promissores à presença de vida simples.

Foto: Hashem Al-ghaili/Science Nature Page

Foto: Hashem Al-ghaili/Science Nature Page

O método usado para identificar os gases é conhecido como trânsito: o telescópio capta a luz da estrela ao fundo enquanto o planeta passa na frente dela, permitindo analisar a composição da atmosfera.

Observações anteriores já haviam revelado metano e dióxido de carbono em K2-18 b, mas esta é a primeira vez que bioassinaturas tão específicas são identificadas com esse nível de confiança em um exoplaneta.

Cientistas de fora do estudo elogiaram os dados, mas pediram cautela. Para Madhusudhan, o caminho agora é continuar as análises e repeti-las com diferentes instrumentos: “Só poderemos afirmar algo com segurança quando a margem de erro for quase nula”.

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