Em mais um capítulo da escalada comercial entre Estados Unidos e China, o governo chinês ordenou que suas companhias aéreas interrompam o recebimento de novos aviões da Boeing. A decisão é uma retaliação direta à imposição de tarifas de 145% sobre produtos chineses anunciada recentemente por Washington. A informação foi divulgada pela Bloomberg News nesta terça-feira (15).
Além de suspender as entregas, o governo chinês recomendou que as empresas do setor aéreo evitem novas compras de peças e equipamentos de aeronaves de origem americana. A medida pode encarecer significativamente os custos de manutenção das frotas operadas no país.
O impacto foi imediato no mercado: as ações da Boeing caíam cerca de 2% no início do pregão desta terça. A empresa americana tem na China um de seus maiores mercados de expansão — mas enfrenta forte concorrência da europeia Airbus, que já domina boa parte do setor no país asiático.
A decisão atinge em cheio as três maiores companhias aéreas da China — Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines — que, juntas, previam receber 179 aeronaves da Boeing até 2027. Agora, os planos estão suspensos e o governo chinês estuda formas de apoiar financeiramente essas empresas, especialmente aquelas que alugam aviões da fabricante americana e devem enfrentar custos mais altos.
O revés chega em um momento delicado para a Boeing, que ainda tenta se recuperar dos impactos de uma greve trabalhista e da crise reputacional gerada após a explosão da porta de uma aeronave durante um voo em 2023. Desde então, a empresa perdeu mais de um terço de seu valor de mercado.