O consumo global de vinho voltou a cair em 2024, alcançando o menor volume registrado em mais de seis décadas. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (15) pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a redução foi de 3,3% em relação ao ano anterior, totalizando 214,2 milhões de hectolitros — o volume mais baixo desde 1961.
A queda é atribuída a uma combinação de fatores: aumento dos custos de produção, impactos da inflação global e, sobretudo, mudanças no comportamento do consumidor. O relatório aponta que o cenário atual vai além de um momento pontual do mercado, refletindo transformações mais profundas no modo como as pessoas consomem vinho em diferentes regiões do mundo.
A redução na oferta global de vinho também pressionou os preços. Safras mais curtas, efeitos climáticos extremos em diversas regiões produtoras e custos elevados de insumos agrícolas têm impactado diretamente os vinicultores. Como consequência, os preços subiram e a competitividade de produtos mais acessíveis diminuiu, influenciando o comportamento de compra do consumidor final.
Novos hábitos
A OIV destaca que, além dos fatores econômicos, há uma mudança estrutural em curso no perfil do consumidor. Em muitas regiões, especialmente entre os mais jovens, há uma redução no interesse por bebidas alcoólicas tradicionais, com maior foco em estilos de vida saudáveis e opções com menor teor alcoólico.
Países historicamente consumidores, como França, Itália e Espanha, têm registrado quedas progressivas no consumo per capita. Ao mesmo tempo, mercados emergentes que antes vinham puxando o crescimento global — como China e Estados Unidos — também mostram sinais de desaceleração.
