Uma adolescente de 15 anos morreu na última sexta-feira (11), após sofrer uma descarga elétrica em casa, no município de Riacho de Santo Antônio, na Paraíba. De acordo com a Polícia Civil, Simone de Cássia Galdino havia acabado de sair do banho e tentou desconectar o celular do carregador ainda molhada. O contato provocou o choque, e a jovem caiu inconsciente no banheiro.
Por que a água representa risco em situações como essa?
Ao contrário da água destilada, a água que utilizamos no dia a dia contém sais minerais e outras substâncias que a tornam altamente condutiva. Quando uma pessoa molhada entra em contato com equipamentos conectados à rede elétrica — especialmente em locais com instalações antigas ou sem proteção adequada — o risco de choque é consideravelmente ampliado.
“Água e eletricidade nunca devem se misturar. Se a instalação elétrica estiver comprometida ou faltar um dispositivo de proteção, como o Interruptor Diferencial Residual (IDR), o risco de acidentes graves aumenta muito”, explica Edson Martinho, diretor da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel).
Esse dispositivo, obrigatório em instalações elétricas residenciais desde 1997, interrompe automaticamente o circuito ao detectar fuga de corrente, podendo evitar choques fatais — especialmente em situações envolvendo água.
O perigo vai além do momento do banho
Segundo Martinho, a simples ação de puxar um carregador da tomada pode se tornar perigosa, principalmente quando há fios danificados ou conectores mal conservados. “Muita gente tem o hábito de puxar pelo cabo, e isso compromete a estrutura interna do carregador. Mesmo em ambientes secos, há risco. Molhado, o perigo é muito maior”, destaca.
E o uso de chinelos ou calçados de borracha ajuda? A resposta é: até certo ponto. “O chinelo pode funcionar como um isolante parcial, mas não é garantia de segurança. E se estiver úmido, perde sua eficácia”, afirma o especialista.
Acidentes com celular ligado na tomada: um problema recorrente
Dados da Abracopel apontam que, em 2024, sete pessoas sofreram choques relacionados ao uso de celulares conectados à tomada — quatro delas morreram. Apesar da queda em relação a 2023, que registrou 23 ocorrências e 15 óbitos, os primeiros meses de 2025 já acendem um alerta: só em janeiro foram contabilizados três casos.
Como se prevenir?
- Especialistas recomendam atenção redobrada ao estado das instalações elétricas e à forma de uso de eletrônicos durante a recarga. Veja algumas medidas essenciais:
- Avaliação periódica: Faça uma revisão da instalação elétrica a cada cinco anos com um profissional habilitado.
- Identifique sinais de risco: Fios expostos, tomadas quebradas, uso excessivo de “benjamins” e extensões podem indicar problemas estruturais.
- Evite carregar o celular em ambientes úmidos: O banheiro é um dos locais mais perigosos para o uso de eletrônicos.
- Não use carregadores falsificados: Produtos homologados pela Anatel passam por testes de segurança. Itens piratas podem gerar superaquecimento e curtos-circuitos.
- Desconecte o aparelho antes de tocá-lo: Especialmente se você estiver molhado ou descalço.