Uma nova análise feita pelo rover Curiosity, da NASA, identificou as maiores moléculas orgânicas já detectadas em Marte. A descoberta foi feita na cratera Gale e reacende o debate sobre a possibilidade de o planeta vermelho ter abrigado formas de vida no passado.
O estudo, liderado pela astroquímica francesa Caroline Freissinet, identificou compostos orgânicos de cadeia longa, decano, undecano e dodecano, que, na Terra, estão associados à formação de membranas celulares.
Esses compostos foram liberados a partir de uma rocha sedimentar chamada Cumberland, perfurada pelo robô da NASA, e analisados pelo instrumento SAM (Sample Analysis at Mars), um pequeno laboratório embarcado.
Acredita-se que essas moléculas foram preservadas sob a forma de ácidos graxos em ambientes hidrotermais primitivos, o que reforça a hipótese de que Marte já teve condições adequadas para abrigar vida.
As rochas analisadas são do tipo xisto e apresentam características semelhantes às de ambientes da Terra que favorecem a conservação de compostos orgânicos ao longo de bilhões de anos.
Embora os instrumentos atuais não consigam fazer análises mais profundas, a presença dessas moléculas aponta para um alto grau de complexidade orgânica no planeta vizinho.
Especialistas da NASA defendem que o envio das amostras à Terra permitiria análises mais detalhadas, mas a missão prevista pode ser adiada diante da prioridade dada a uma missão tripulada.
“Poderíamos quantificar ácidos graxos, fazer medições isotópicas e estabelecer relações com minerais”, disse Daniel P. Glavin, coautor do estudo publicado no The Conversation Brasil. “Vamos torcer para que isso aconteça na próxima década”, completou.